
Toma lá, dá cá de Doria: Dois ex-funcionários de maior doador de campanha viram diretores de agência de energia; veja vídeo
O toma lá, dá cá de Doria
por João Paulo Rillo*
João Doria inaugura seu governo em São Paulo sepultando qualquer esperança de compromisso com o desenvolvimento que alguns mais crédulos ainda poderiam alimentar.
Após derrotar os tucanos no próprio ninho e impor um estilo político suspeito, contrariando as lideranças tradicionais do partido, Doria dá início a tempos de liberalismo extremo, com medidas capazes de causar constrangimento até nos próprios partidários pelo alcance e rapidez com que vem confundindo as fronteiras entre o público e o privado.
Ele estreou na Assembleia com projeto que dá continuidade à saga tucana de privatizações. Agora, entram na mira as participações estatais na DERSA, EMPLASA, CODASP, Imprensa Oficial, PRODESP e CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços).
Doria quer autorização legislativa para vender as ações de propriedade do Estado nestas sociedades. Sob a justificativa da “eficiência”, a desestruturação do Estado, com a consequente perda de qualidade no serviço público, pode seguir para mais uma etapa se a proposta for aprovada.
Em outra iniciativa, surpreendente pela rápida tramitação e pela naturalidade com que vem sendo conduzida, o governador, em menos de uma semana, escolheu, convidou, enviou e aprovou no Legislativo a indicação de dois ex-funcionários da Comgás para os cargos de diretores da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo – ARSESP.
Por meio do seu vice, Rodrigo Garcia, Doria informou, na sexta-feira, dia 1, Marcus Vinicius Vaz Bonini, funcionário da concessionária por 30 anos, e Marcos Roberto Lopomo, gerente até 2015, sobre a escolha deles para dirigir a agência que deve “regular, controlar e fiscalizar os serviços de gás canalizado” no Estado.
A empresa na qual os dois trabalharam por longos anos é uma das maiores do Brasil, controlada pela Cosan.
Com certeza não foi coincidência o fato de Doria ter se reunido no dia 28 de janeiro com o presidente do conselho de administração da Cosan, Rubens Ometto, e com o presidente da Comgás, Nelson Gomes, no final de fevereiro. E também não pode ser coincidência Ometto ter sido o maior doador individual da campanha de Doria, com R$ 500 mil.
Apesar de toda as estranhezas, parecer favorável à indicação dos dois ex-funcionários da Comgás foi aprovado, no dia 6, sem votos contrários na Comissão de Infraestrutura da Assembleia.
E foi com esta mesma naturalidade que, na sexta-feira, dia 1, a ARSESP autorizou o aumento do preço do gás de 9,63%, para pequenos consumidores, a 37,6%, para as indústrias.
Com um impacto negativo e possível desemprego nas indústrias de vidro, cerâmica, química, segmentos de transporte, o ‘toma lá, dá cá’ de Doria alcança níveis estratosféricos, com um tom blasé próprio das elites, servidas neste país com doses generosas de cumplicidade e omissão.
*João Paulo Rillo é deputado estadual (PSOL-SP)
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