Novo ministro da Educação vem do mercado financeiro
Ex-diretor do banco Votorantim, Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub é o atual secretário-executivo da Casa Civil e mantém proximidade com o ministro Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou nesta segunda-feira (8) um novo nome para o ministério da Educação. Abraham Weintraub entra no lugar de Ricardo Vélez Rodríguez.
Vélez esteve hoje (8) pela manhã no Palácio do Planalto em reunião com o presidente Jair Bolsonaro e deixou o local pela saída privativa, sem falar com a imprensa.
Abraham é “professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta”. “Aproveito para agradecer ao professor Vélez pelos serviços prestados”, escreveu Bolsonaro em sua conta no Twitter.
Segundo auxiliares do governo, Bolsonaro tenta evitar mais briga entre olavistas e militares. Em encontro realizado no ano passado, na Cúpula Conservadora das Américas, Weintraub elogiou Olavo e disse que a adaptação das ideias do escritor deveria ser uma estratégia para combater a esquerda.
“Quando ele (um comunista) chegar para você com o papo “nhoim nhoim”, xinga. Faz como o Olavo de Carvalho diz para fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais”, disse o novo ministro da Educação.
Abraham é irmão de Arthur Weintraub, que também integra o governo, como assessor-chefe adjunto da Assessoria Especial do Presidente da República.
A deputada Sâmia Bonfim (PSOL) criticou a falta de experiência em Educação do novo ministro.
Especialista no mercado financeiro, Abraham foi diretor estatutário do Banco Votorantim, CEO da Votorantim Corretora no Brasil e da Votorantim Securities. O novo ministro da Educação tem proximidade com Olavo de Carvalho. Bolsonaro escolheu um nome afinado ideologicamente com Olavo, mas sem vinculação direta com os grupos que disputam espaço.
Sindicância sigilosa
Em agosto de 2018 uma sindicância investigativa foi aberta pela Unifesp contra Arthur. Ele foi intimado a apresentar uma série de documentos, mas não pôde ter acesso ao procedimento. A Unifesp argumentou que o documento era sigiloso. Arthur tentou por meio de um advogado. Recorreu à OAB. Não conseguiu.
A Unifesp informou que a sindicância foi aberta a pedido da direção do campus Osasco, onde lecionam os irmãos Weintraub.
A Universidade afirma que vetou acesso aos autos a Arthur por se tratar de orientação expressa em portaria da Controladoria-Geral da União. O documento citado pela universidade, porém, não fala em caráter sigiloso a esse tipo de procedimento (o sigilo está previsto em estágio anterior à sindicância investigativa, um procedimento chamado de “investigação preliminar”).
Em nota, a Unifesp afirmou que “por seu caráter acadêmico e autônomo de partidos, é espaço para discussão ampla e irrestrita de diferentes pontos de vista acerca de quaisquer temas”.
O educador Cesar Callegari, há mais de 40 anos ligado à área de Educação afirma nunca ter ouvido falar no nome do novo ministro.
“Como muitos, trabalho e torço para que a Educação avance no Brasil. Mas, militando na área há quase 40 anos, nunca tinha ouvido falar do Sr. Abraham Weintraub, indicado hoje para o Ministério da Educação. Até agora, o pouco que se sabe é que fez carreira no mercado financeiro e que vinha trabalhando no Palácio do Planalto na reforma da Previdência
Não quero ser excessivamente pessimista. Mas, ao ver esse governo, não me sai da cabeça a célebre frase que Dante criou para a porta do inferno na sua obra prima La Divina Commedia: LASCIATE OGNI SPERANZA Ó VOI CHE ENTRATE”, escreveu Callegari em suas redes sociais.
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