GRITO
30M: Atos em defesa da educação terminam com chamado à Greve Geral de 14 de junho
Mais de um milhão de pessoas protestaram em 208 cidades contra cortes na Educação e contra reforma da Previdência
“Ô Bolsonaro, cadê você. Quero ver você passar na UNB”. Este foi um dos vários bordões ouvidos em Brasília (DF), durante o protesto de estudantes e professores contra os cortes na educação pública e a reforma da Previdência. Atos como esse aconteceram em quase 200 cidades de norte a sul do Brasil ao longo desta quinta-feira (30), reunindo mais de um milhão de pessoas, segundo os organizadores.
Os protestos também serviram de convocatória para a Greve Geral contra as medidas de redução de direitos do governo de Jair Bolsonaro (PSL), no dia 14 de junho.
“Seja no campo, seja nas cidades, todas as categorias estão sendo atingidas por um governo imoral. Um governo que não tem o mínimo respeito pelo cidadão brasileiro”, disse Frei Anastácio, de 75 anos, fundador da Pastoral da Terra na Paraíba e deputado federal pelo PT-PB. Ele participou do ato em João Pessoa (PB), que se concentrou na Praça da Paz, no bairro dos Bancários.
No Rio de Janeiro (RJ), o protesto dos estudantes, professores e trabalhadores reuniu cerca de 100 mil pessoas, segundo a organização. O ato seguiu na região central da cidade, pela avenida Rio Branco em direção à Cinelândia.
Já em Belém (PA), cerca de 60 mil manifestantes caminharam da Praça da República para o Mercado de São Brás. Os protestos ecoavam gritos em defesa da educação e da previdência pública, e contra os desmontes do Estado brasileiro.
O ato em São Paulo (SP) reuniu cerca de 300 mil pessoas, segundo os organizadores. A manifestação começou no largo da Batata, região de Pinheiros, na zona Oeste da capital, e seguiu em marcha até o Museu de Arte de São Paulo (MASP), no Centro.
A estudante Giovana Salinas, do curso de arquitetura e urbanismo do Instituto Federal de São Paulo, participou da manifestação e falou sobre a importância de se mobilizar. “Os cortes de verba vão fazer que um monte de estudante não tenha escola ou futuro. Então, a gente precisa ir contra isso”, disse.
O presidente da Associação dos Docentes da Universidade Estadual Paulista (Adunesp), João Chaves, também esteve presente e lembrou que a luta pela Educação pública está alinhada à defesa do atual modelo de aposentadorias e contra a reforma da Previdência (PEC 06/19).
"Nós estamos aqui em luta pela educação e em luta também contra a reforma da Previdência. E aproveito para conclamar a todos para que no dia 14 de junho, façam adesão à greve nacional contra a reforma da previdência. É necessário que o povo brasileiro vá às ruas para barrar esse ataque que tá sendo feito contra a educação e contra a possibilidade de se ter uma aposentadoria digna", disse.
Já para Jessy Dayane, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), que também esteve no ato na capital paulista, uma educação pública de qualidade e gratuita é fundamental para o combate de outros problemas estruturais do Brasil.
“A gente vai mandar o recado para o ministro [da Educação] e para o Bolsonaro, nós não vamos tirar os pés das ruas enquanto os cortes não forem revertidos. Nós vamos defender a Educação como sempre defendemos ao longo da história, porque a educação é muito importante para desenvolver o nosso país e combater a desigualdade social”, declarou.
Os protestos contra os ataques do governo ao ensino público gratuito também serviram de resposta às manifestações pró-Bolsonaro que aconteceram no último domingo (26).
Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba (PR), a faixa “Em defesa da Educação” arrancada por apoiadores de Bolsonaro no protesto de domingo, foi substituída por outra, ainda maior e com os mesmos dizeres.
Outras universidades, em solidariedade a UFPR, colocaram faixas semelhantes, entre elas a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), também na capital paranaense. O ato na cidade reuniu mais de 20 mil pessoas, segundo os organizadores.
Em Porto Alegre (RS), mesmo debaixo de chuva, milhares de manifestantes se concentraram em frente ao prédio da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Eles caminharam em direção à chamada Esquina Democrática, no centro da capital gaúcha.
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) esteve no ato e ressaltou que o ataque do governo à educação pública gerou uma forte reação popular, porque representa também um ataque à liberdade de pensamento e à formação de opinião crítica.
"[São] milhares de pessoas na rua, mostrando a importância do movimento estudantil, e mostrando que os estudantes não vão sossegar enquanto não derrotarem essa política neoliberal de cortes da educação e também autoritária. O governo Bolsonaro mira na educação, porque sabe que para um projeto autoritário tem que tentar eliminar o pensamento crítico. Mas não sabe a força do movimento estudantil", disse.
Em Florianópolis (SC), a chuva também caiu forte durante todo o dia, mas não desmobilizou o ato. Mais de 20 mil pessoas marcharam contra os cortes na educação e a reforma da previdência.
A manifestação em Belo Horizonte (MG) reuniu cerca de 250 mil pessoas, de acordo com os organizadores. O ato se concentrou na Praça Afonso Arinos, no centro, e seguiu em direção à Praça da Estação. A estudante da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Vasconcelos, participou do protesto e comentou a motivação dos alunos.
“O povo brasileiro defende um projeto de educação de qualidade que sustente o nosso desenvolvimento nacional, que pense a nossa soberania nacional. É esse o projeto que colocamos nas ruas de Belo Horizonte”, disse Ana, que também é militante do Levante Nacional da Juventude.
Pela manhã
Vários manifestantes começaram a mobilização logo pela manhã.
Na capital federal, algumas pessoas já se concentravam desde às 10h ao lado da Biblioteca Nacional, localizada na Esplanada dos Ministérios. O ato também teve apoio de diversos parlamentares. Por volta de 12h30, os participante seguiram em direção ao Congresso Nacional, entoando palavras de ordem.
Em Ipojuca (PE), petroleiros da Refinaria Abreu e Lima paralisaram suas atividades para sair em defesa da Educação. Estudantes também tomaram as ruas desde cedo nas cidades de Quixadá e Limoeiro do Norte, no Ceará.
As cidades de Salvador, Ilhéus e Amargosa, na Bahia, também amanheceram cheias de estudantes nas vias públicas.
Em Goiás, manifestantes de várias cidades foram às ruas, logo pela manhã, protestar contra os cortes na Educação. Em Catalão, Rio Verde, Posse, Ceres, Cavalcante e Cidade de Goiás dezenas de estudantes fizeram passeatas e discursos, entoando palavras de ordem como “Bolsonaro, respeite a educação”.
Na capital paulista, alunos da Escola de Direito da Universidade de São Paulo (USP) começaram logo cedo a preparar o levante contra os cortes na Educação.
Em Florianópolis (SC), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) amanheceu paralisada, com oficinas de cartazes e debates público. Nas cidades de Porto Alegre e Alegrete, no Rio Grande do Sul, a preparação para os atos começaram por volta das 9h.
*Colaboraram Juca Guimarães, Rafael Tatemoto, Igor Carvalho e parceiros do Brasil de Fato em todo o país.
Edição: Aline Carrijo
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