A informação é de Giorgio Bernardelli, publicada por Vatican Insider, 12-08-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
O pedido está contido em uma carta aberta que monsenhor Douglas Crosby - Bispo de Hamilton e presidente da Conferência Episcopal do Canadá - dirigiu ao primeiro-ministro. Um texto no qual o bispo refere-se expressamente também à reunião que Trudeau teve com o Papa em maio e - de modo mais geral – às diretrizes da encíclica Laudato si’ sobre a relação entre atividades econômicas, justiça e proteção da criação.
A intervenção de D. Crosby toca em um assunto nada marginal na economia global de hoje. O Sergio Gualberti, de fato, é uma potência da indústria extrativista: há muitas grandes empresas do setor com sede no país e suas atividades econômicas, em franca expansão em um mundo que tem fome de matérias-primas, empregam cerca de 375.000 canadenses. O outro lado da moeda - no entanto – é constituído precisamente pelas graves denúncias de danos ambientais e violações dos direitos humanos nos países onde operam. Com comunidades indígenas, muitas vezes literalmente varridas do mapa por mega-projetos de mineração a céu aberto que alteram radicalmente a fisionomia de hectares de florestas ainda virgens; e grupos paramilitares ao serviço de parceiros locais que silenciam ou até mesmo eliminam fisicamente os ativistas que lutam pela defesa dos direitos sobre as próprias terras.
Um relatório de 2014 preparado por um grupo de organizações latino-americanas e enviado para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) analisava em detalhe a situação dos 22 sítios de mineração de propriedade de empresas canadenses em oito países da região (México, Guatemala, Honduras, El Salvador, Colômbia, Chile, Argentina e Peru), listando crimes muito graves. "Os bispos da América Latina - comenta monsenhor Crosby - expressaram suas preocupações sobre as atividades das empresas de mineração canadenses. Muitas são diretamente responsáveis por sérios danos ambientais e violações de direitos humanos. Nós ouvimos histórias de ameaças, violência, extorsão e até mesmo assassinato, procedimentos usados para permitir o avanço de grandes negócios à custa dos pobres".
"Como canadenses - continua a carta para Trudeau - não podemos ficar indiferentes ao clamor dos pobres e às repercussões da degradação ambiental na nossa casa comum. Não podemos aceitar o modo de agir imoral que as empresas de mineração canadenses adotaram na América Latina ou em outras regiões do mundo, assumindo a ausência de regras eficazes como uma desculpa para escapar de suas responsabilidades morais".
Para responder a essa questão, o presidente dos bispos apresenta algumas solicitações já contidas em outra carta sobre o mesmo tema apresentada há um ano por 200 associações latino-americanas a Trudeau e até agora sem resposta. Em especial, é recomendada a criação de uma autoridade imparcial que investigue no Canadá as denúncias, a possibilidade de prosseguir em tribunais canadenses contra os abusos cometidos no exterior por empresas canadenses e o fim de qualquer intervenção por parte do governo para mitigar as regras de países terceiros que criam obstáculos às operações de mineração das próprias empresas. Medidas que - conclui monsenhor Crosby – a própria Igreja Católica do Canadá espera que agora resultem em ações concretas por parte do primeiro ministro.
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/570616-canada-parem-com-a-violacao-de-direitos-feita-pelas-mineradoras-canadenses-na-america-latina-o-apelo-dos-bispos-a-trudeau
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