Cildo Meireles e o artista que subverte ícones para buscar a verdade: “Quem mandou matar Marielle?” Por Tertuliano

“A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas para forjá-lo.”
Maiakóvski
Cildo Campos Meireles é carioca e tem 71 anos. Desempenha um importante papel no cenário artístico nacional e internacional.
Sua obra é também influenciada pela arte conceitual, movimento que surgiu na Europa e nos Estados Unidos nos anos 60 e 70 do século passado, onde a questão política vem acompanhada da investigação da linguagem.
É reconhecido como um dos mais conceituados artistas brasileiros contemporâneos.
Nos tenebrosos anos de chumbo desenvolveu uma série de trabalhos que tinha como objetivo criticar pontualmente a ditadura militar.
Podemos destacar: Árvore do Dinheiro (1969), as Inserções em Circuitos Ideológicos (1970), Introdução a uma Nova Crítica (1970) e O Sermão da Montanha: Fiat Lux (1973).
O artista carimbou várias cédulas com a frase “Quem matou Herzog?”, com o intuito de difundir a notícia e o questionamento através da circulação das mesmas.
No “Projeto coca cola”, por exemplo, escreveu em uma garrafa de Coca Cola, um dos símbolos mais eminentes do imperialismo norte-americano, a seguinte frase: “Yankees go home”, para, posteriormente, devolvê-la à circulação.
Além da questão política, o projeto fazia referência aos movimentos de vanguarda e a Marcel Duchamp , uma espécie de “Ready made “ às avessas.
Outra instalação, chamada ‘Cruzeiro zero “, é uma réplica fiel de uma nota do pão de forma – onde as figuras históricas e heroicas eram substituídas pela fotografia de um índio brasileiro e de um paciente de um hospital psiquiátrico. Há uma crítica à super inflação e à desvalorização do cruzeiro, moeda vigente à época.
Em 2008, ganhou o Premio Velásquez de las Artes Plásticas, concedido pelo Ministério de Cultura da Espanha e mostra na Tate Gallery em Londres, onde expôs obras e instalações com caráter político até janeiro de 2009.
Num tempo tão propínquo aos de terror, que vivemos no passado, a ideia veio à tona:
Recentemente em algumas cidades do país foram encontradas diversas cédulas carimbadas com a inscrição “Lula Livre”.
Creio que, se Cildo Menezes fosse reeditar hoje o Projeto “Circuitos Ideológicos”, provavelmente carimbaria as cédulas de real com as seguintes inscrições : “Mariele vive”, “Quem matou Mariele? Onde está o Queiróz?
Vale a pena conhecer um pouco mais sobre esse artista e a sua obra.
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