247 - O professor de ciências políticas em Harvard, Steven Levitsky, comentou o conteúdo revelado pelo vazamento de conversas do então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, divulgadas pelo The Intercept.
"Pelo que agora sabemos, em oposição à história inicial, em que se dizia que o processo legal havia condenado o ex-presidente Lula com base em evidências, percebe-se que não era bem assim. Está claro que, ainda que os crimes sejam verdadeiros, houve um esforço combinado e até mesmo alguns esforços ilícitos de atores do Judiciário para fazer a condenação acontecer", afirmou o professor em entrevista a Fabio Manzano, do jornal
O Estado de S. Paulo.
Em setembro do ano passado, Levitsky previu em entrevista que o Brasil caminhava para um crise institucional entre presidente e Congresso, Judiciário e imprensa. Ele é coautor do best seller "Como morrem as democracias".
Na entrevista, ele falou sobre o processo eleitoral brasileiro, que na sua avaliação foi fraudado diante das revelações trazidas pelas conversas de Moro e os procuradores. "Quando vemos que um dos grandes concorrentes nas últimas eleições talvez tenha sido excluído de forma ilegítima da corrida presidencial, chego à conclusão de que as eleições de 2018 no Brasil não foram completamente democráticas. E é uma triste conclusão a se chegar", enfatizou, se referindo a condenação e prisão do ex-presidente Lula por Moro, que o impediu de participar das eleições de 2018.
Questionado se a democracia brasileira está sob ameaça, o professor é categórico: "Com certeza".
"Ainda que o Brasil tenha uma das democracias mais fortes da América Latina, e eu acho que há uma boa chance de que ela sobreviva, por outro lado tudo pode acabar", disse ele.
"A opinião pública, a confiança nas instituições democráticas, está baixa. Há uma perspectiva generalizada, que é baseada parcialmente na realidade, de que toda a elite política é corrupta. Há muito mais confiança da opinião pública nas Forças Armadas, do que em qualquer instituição democrática. Mais do que no Congresso, ou nos políticos e nos partidos. Isso é extremamente perigoso, sobretudo em um cenário de profunda polarização entre esquerda e direita no país", argumentou.
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