11 de jul. de 2019

‘Temos de organizar o povo para defender o Brasil como nação’, diz Stédile - Glenn no congresso da UNE: ‘Publicamos o primeiro áudio. Palavra mais importante: primeiro’. - Editor - CONGRESSO DA UNE - UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES. UMA TRINCHEIRA CONTRA O FASCISMO.

NAÇÃO EM RISCO

‘Temos de organizar o povo para defender o Brasil como nação’, diz Stédile

Para o coordenador nacional do MST, um grande erro foi passar 2018 organizando a militância. "Temos de organizar o povo, ir ao povão", afirmou ao participar do Congresso da UNE
  19:35
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ROVENA ROSA/ABR
"Com as revelações de Glenn, podemos dizer que  Lula é inocente, que está preso pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, que é chefe de Moro"
São Paulo – “Vivemos na bolha da vanguarda que é nossa militância e por isso estamos sendo derrotados, como ontem, na votação da ‘reforma’ da PrevidênciaOutro erro foi ter passado o ano passado organizando a militância. Temos de organizar o povo para defender o Brasil“. A afirmação foi feita pelo coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), João Pedro Stédile, na tarde de hoje (11), segundo dia do congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília.
revelação de conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, entre outros, comandada pelo site Intercept Brasil, é o que faltava para a militância ganhar a adesão das massas à campanha #LulaLivre e também para a resistência, nas ruas, contra os ataques aos direitos e à soberania, com a venda do pré-sal, de empresas e de terras para estrangeiros – em estudo. ”
Com as revelações de Glenn, podemos dizer que  Lula é inocente, que está preso pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, que é chefe de Moro. Temos de chegar no povão. Se o povão não for pra rua, Lula não será liberto. O que estamos fazendo para chegar ao povão e dizer que o que está em jogo é mais que a Petrobras, que as estatais? O que está em jogo é o Brasil como nação. A nação, da qual o povo faz parte, corre risco”.
Stédile lembrou que durante os 30 anos de luta contra a ditadura no Brasil (1964-1985), a esquerda considerou o nacionalismo, especialmente dos militares da época, como uma vertente ideológica da direita. “Começamos então a ver que o nacionalismo não era coisa de milico. E os milicos de hoje abandonaram o nacionalismo a adotaram a doutrina de que só os Estados Unidos podem proteger o Brasil”, disse.
Como exemplo, ele citou  o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, subordinado a um presidente que “lambe as botas de Donald Trump e bate continência para a bandeira dos Estados Unidos”.
ENERGIA COM JOVENS

Glenn no congresso da UNE: ‘Publicamos o primeiro áudio. Palavra mais importante: primeiro’

Em conversa com estudantes, em Brasília, o jornalista falou sobre o farto material da "Vaza Jato" que ainda será divulgado e mostrou que não se intimida com ameaças de bolsonaristas
  17:54
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@KBOUGHOFF CUCA DA UNE
'Moro não está acima da lei. Dallagnol não está acima da lei', disse Glenn, mais descontraído com os estudantes do que com os senadores
São Paulo – Após quatro horas em audiência pública no Senado, o jornalista Glenn Greenwald participou de debate no 57º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), o Conune, em Brasília, onde “a energia é muito, muito melhor”, disse. Glenn é editor do The Intercept Brasil, que vem reportando o escândalo conhecido como Vaza Jato. Sobre o poder da informação que ainda há por vir, afirmou: “Estamos muito mais perto do começo do que do final (…). Nesta semana publicamos o primeiro áudio. A palavra mais importante é: primeiro”.
A Vaza Jato escancarou para a opinião pública a relação promíscua entre o ministro Sergio Moro, quando era juiz federal, e os procuradores do Ministério Público, responsáveis pela Lava Jato. “Esse acervo tem capacidade para nos mostrar a verdade. Isso está assustando eles (…). Eles estão desesperados e devem estar. No final deste processo, todos saberão o rosto deles”, disse, em um tom mais descontraído do que na audiência da manhã.
Glenn falou sobre os ataques que vem sofrendo da base do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A estratégia de Moro e de integrantes da base segue intacta: tentam criminalizar o jornalismo, atacando a forma como o material chegou até os profissionais. Mais recentemente, começou a circular a informação de que o jornalista seria alvo de uma investigação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) a mando da Polícia Federal, controlada pelo ministro Moro.
“Quando Moro me ameaça, quando abusa do poder da Polícia Federal, quando me investiga, eu fico feliz”, disse. “Isso mostra que eles estão com o medo que eles merecem ter. Eles sabem o que fizeram. Sabem que temos evidências sobre o que fizeram. Sabem que vamos mostrar e vamos publicar até o final tudo isso”, completou.
Para o profissional, os ataques de Moro têm um efeito colateral ao esperado pela base bolsonarista. “Quanto mais ameaçam, mais as pessoas vão entender a importância do jornalismo (…). Todo o mundo democrático entende que o papel do jornalista é de reportar qualquer informação de interesse público. Moro não está acima da lei. Dallagnol (Deltan) não está acima da lei.”

Coragem

Além dos ataques e tentativas de intimidação de Moro, Glenn e outros jornalistas sofrem ataques da base bolsonarista. A eles, Glenn desafiou ao enfrentamento. “O partido do Bolsonaro quer intimidar, quer passar medo. É interessante, fui há duas semanas para a Câmara com membros deste partido, me acusando. Fui lá enfrentar as pessoas que estavam me acusando, mas eles não estavam lá. Talvez dois ou três membros deste partido que gosta de intimidar pessoas atrás dos computadores”, disparou.
Glenn lembrou que estava, minutos antes, no Senado, onde trabalha um filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PSL-SP), que não se intimida ao atacar o jornalista pelas redes sociais. “Eles são covardes. Não são pessoas que precisamos ter medo. No Senado tem Flávio Bolsonaro, que me acusou de muitas coisas falsas. Você acha que ele teria coragem para falar isso na minha cara? Claro que não. Ele não estava lá”, disse.

Covardia

Além dos ataques sobre o trabalho da Vaza Jato, o jornalista relatou ofensas pessoais a ele e seu marido, o deputado federal David Miranda (Psol-RJ). São ataques xenofóbicos e LGBTfóbicos. “Sobre os ataques homofóbicos, sobre as ameaças com fotos dos nossos filhos, isso não é divertido. Chamam de viado todo dia, ameaçam de morte. Mas quero falar que meu marido cresceu como órfão em Jacarezinho. Um garoto negro, pobre e LGBT. Ele não tem medo de nada, nem de ninguém.”
Além de não se intimidar, Glenn vê essa situação como “uma oportunidade”. “Eu cresci na década de 80 e 90 quando quase não tinham figuras públicas LGBT. As únicas conversas eram sobre doença. Então, estamos felizes e olhamos esses ataques homofóbicos como oportunidade. Diante de muitas câmeras, um membro do Congresso e eu nos beijamos em frente das câmeras. Aquela foto rodou o mundo e estamos muito felizes.”
Por fim, deixou o recado aos estudantes: “Neste país, que tem muitos jovens LGBTs sofrendo, temos a obrigação de usar esse momento para ensinar que não precisam ter medo nem vergonha. Podem ter uma família completa como nós, podem ter uma vida cheia de felicidade, amor e orgulho como nós. Podem nos atacar com homofobia e vamos usar isso para o bem.”
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