Beatriz Cerqueira: Governo Zema está destruindo a escola pública em Minas; vídeo
No vídeo acima, a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Denise Romano, fala sobre a fusão de turmas no Instituto de Educação
por Beatriz Cerqueira*
No primeiro semestre deste ano, me manifestei várias vezes sobre os indícios preocupantes que sinalizavam a política de Educação do governo Romeu Zema (Novo).
“Você é oposição!”, muitos reagiram desdenhando o meu alerta.
Sou oposição, sim, e como tal tenho não só o direito mas o dever de suscitar debates e agir para que os direitos dos mineiros sejam respeitados e avancem.
Agora, completados oito meses e uma semana, denuncio: o governo Zema está destruindo a educação pública em Minas Gerais.
É um absurdo atrás do outro.
Em agosto, através da Secretaria de Estado de Educação, deu início a um estranho processo de municipalização das matrículas e das escolas estaduais que tem pipocado pelo estado.
Na década de 90, nós já vivemos essa experiência, que se mostrou nefasta à escola, ao sistema, aos estudantes e aos trabalhadores em Educação.
Aparentemente a Secretaria da Educação está abrindo mão da sua responsabilidade, jogando-a nas costas das prefeituras.
Como ocorreu lá atrás, tudo sem planejamento, sem nenhuma discussão com a comunidade escolar.
Como eu sei?
Além dos relatos que nos chegam na Assembleia Legislativa (ALMG) e no Sind-UTE/MG [Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Estado de Minas Gerais], estive em escolas alvo desse projeto e elas não querem a municipalização das matrículas nem das escolas.
Não bastasse isso, de supetão, o governo Zema decidiu pela fusão e fechamento de turmas em 225 escolas de todo o estado.
Na capital, foram atingidos pela mudança o Instituto de Educação, onde houve fechamento de 14 turmas, e a Escola Estadual Santos Dumont, que perdeu sete classes.
Enquanto Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, nós ouvimos a comunidade escolar dessas duas instituições para avaliar o impacto da mudança.
A do Instituto de Educação foi em audiência na comissão que durou quase quatro horas.
A do Santos Dumont, em uma visita técnica da comissão à escola.
O Sind-UTE/MG participou das duas atividades.
O que vimos e ouvimos é muito grave.
Primeiro: não houve um processo de escuta dos professores, trabalhadores e estudantes. O estado impôs o projeto de cima para baixo sem levar em consideração a opinião das comunidades que as escolas atendem.
Segundo: A fusão/fechamento de turmas provoca superlotação das salas de aula, com sérias consequências tanto para os estudantes quanto para os professores.
No caso dos estudantes, a medida interfere diretamente na aprendizagem, pois, entre outros malefícios, interrompe a programação escolar.
Já os professores sofrem maior desgaste, pois são obrigados a trabalhar com turmas muito lotadas. Além disso, a redução no número de turmas está levando a demissões.
Terceiro: é antipedagógico fundir turmas em agosto, pois exige reorganização completa da escola, inclusive mudança no quadro de professores.
Ou seja, a medida não prioriza a educação nem o estudante e o professor. E ainda pune.
A professora de Sociologia Regina Moura dos Santos Silva, do Instituto de Educação, levantou a voz contra o fechamento de turmas , acabou demitida.
Reduzir turmas é uma forma de desmonte da escola pública em Minas Gerais.
Diante de tudo isso, questionamos a Secretaria da Educação:
*Como é possível fechar tantas salas sem avaliar as consequências para cada estudante, no projeto pedagógico e na vida das escolas?
*Existe uma real necessidade?
*Qual é o direcionamento?
Ao mesmo tempo, reivindicamos ao governo Zema a suspensão da fusão das turmas.
Nenhum retorno.
A Educação fará o enfrentamento necessário contra a política nefasta de Zema.
Escola é lugar de direito, libertação e cidadania.
*Beatriz Cerqueira é deputada estadual (PT-MG), presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG e diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG).
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