Cartunistas repudiam cancelamento de exposição na Câmara de Porto Alegre: "Ato de censura"
Associação dos grafistas do Estado divulgou manifesto "em defesa da liberdade de expressão"

Os cartunistas gaúchos da Grafar (Grafistas Associados do Rio Grande do Sul) divulgaram uma nota de repúdio contra o cancelamento da exposição Independência em Risco, inaugurada na última segunda-feira (2) na Câmara Municipal de Porto Alegre. Menos de 24 horas depois, a presidência da Casa decidiu suspender a mostra por considerar os desenhos ofensivos.
As ilustrações mostravam críticas ao governo federal. O destaque foi uma charge, do cartunista Latuff, que mostra o presidente Jair Bolsonaro lambendo os sapatos do colega norte-americano Donald Trump enquanto entrega o Brasil em uma bandeja.

No manifesto, a associação dos cartunistas disse que recebeu o cancelamento da mostra com surpresa e o classificou como um ato de censura.
— A sociedade gaúcha defensora da cultura, da liberdade de expressão e da democracia repudia veementemente este ato de censura. Alertamos para a gravidade dessa ação que repete um recente e indesejável passado nacional e remete para um tenebroso momento da história da humanidade — diz o manifesto.
A exposição foi montada pela Grafar e apoiada pelo gabinete do vereador Marcelo Sgarbossa (PT), que encaminhou a reserva do espaço na Câmara.
Presidente da Casa, a vereadora Mônica Leal (PP) afirma que seu gabinete recebeu um telefonema de uma pessoa não identificada reclamando do teor da mostra. A parlamentar conta que conferiu o conteúdo das ilustrações pessoalmente e decidiu retirar as obras da vista do público.
— Não considero que houve censura. Essas ilustrações, como aquela com o Bolsonaro lambendo as botinas do Trump, fosse qual fosse o presidente, seriam desrespeitosas porque tratam do presidente do Brasil. Aqui é uma casa legislativa, com espaço para arte e história. Então, mandei suspender — diz a vereadora.
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