20 de out. de 2019

Apuração dos votos na Bolívia começa às 17h; acompanhe as eleições direto de La Paz


ELEIÇÕES 2019

Apuração dos votos na Bolívia começa às 17h; acompanhe as eleições direto de La Paz

Disputa presidencial tem Evo Morales como favorito, com 40% das intenções de voto, seguido do ex-presidente Carlos Mesa

Brasil de Fato | La Paz (Bolívia)
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Fila para votação no colégio San Francisco, região central / Daniel Giovanaz
Cerca de 7 milhões de bolivianos vão às urnas neste domingo (20) para eleger presidente, vice-presidente, deputados e senadores para o mandato de 2020-2025. As mesas de votação foram abertas às 9h (horário de Brasília), e os eleitores têm até as 17h para formalizar sua escolha. Com as urnas fechadas, começa a apuração dos votos.
Esta matéria será atualizada ao longo do dia com informações sobre a votação e a apuração. Última atualização às 13h52.
A expectativa do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) é que os resultados parciais sejam divulgados a partir das 18h30. A confirmação oficial tende a demorar mais do que a média dos processos eleitorais no Brasil porque a Bolívia não utiliza o sistema de urnas eletrônicas.
Até o momento, a votação ocorre com normalidade nos nove departamentos bolivianos. Cerca de 95% das mesas não tiveram nenhuma ocorrência ou percalço técnico.



Mesários dão instruções aos eleitores em La Paz. (Foto: Daniel Giovanaz)

O primeiro eleitor boliviano a votar em 2019 foi um emigrante que vive em Tóquio, capital do Japão. Ele compareceu à urna às 20h30 do sábado (19), no horário de Brasília, devido ao fuso-horário, e abriu a contagem.
Segundo o Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP), 341 mil bolivianos vão votar no exterior. Eles estão distribuídos em 33 países. Os três com mais eleitores bolivianos são Argentina, com 161 mil, Espanha, com 72,6 mil, e Brasil, com 45,7 mil.
Especialistas preveem que o resultado das urnas poderá gerar conflitos e romper com um ciclo de estabilidade política que dura mais de 13 anos. As pesquisas de intenção de voto mostram que nenhum partido ou governo terá dois terços do parlamento. Soma-se a esse prognóstico de equilíbrio os recentes atos de vandalismo promovidos por setores de direita e extrema direita em Santa Cruz de La Sierra, na região oriental, e a promessa de "resistência civil" dos opositores em caso de um quarto mandato do atual presidente Evo Morales.
“Convoco a todos os bolivianos, para além das nossas fronteiras, a ir às urnas com tranquilidade, em orden e em família. Façamos deste domingo uma festa democrática, e que nesta jornada eleitoral o único ganhador seja o povo boliviano”, disse a presidenta do TSE, María Eugenia Choque. Morales também se pronunciou oficialmente, pedindo aos cidadãos para participarem "ativa e pacificamente" do processo de votação.
O presidente votou às 8h26 na unidade educativa Villa 14 de Septiembre, em Cochabamba, centro do país.



Evo Morales vota em busca do quarto mandato. (Foto: AFP)

Conheça os principais candidatos e fique por dentro dos principais temas em debate na campanha na página especial do Brasil de Fato.
Silêncio na capital
O domingo amanheceu frio e silencioso em La Paz. No horário de início da votação, a temperatura era de 6º C – durante  a noite, pode cair para 1º C.
O artigo 152 da Ley 026 do Regime Eleitoral proibe que os eleitores se desloquem de uma zona de votação a outra por qualquer meio de transporte. Por isso, não circulam carros, ônibus nem teleféricos na capital boliviana, e o comércio permanece fechado até as 13h. Voos nacionais também estão suspensos durante o dia.
Mais de 39 mil policiais foram escalados para trabalhar no processo eleitoral em todo o país. Cerca de 230 observadores internacionais acompanham a votação e a apuração para verificar possíveis violações de direitos, fraudes e equívocos na contagem.



Polícia impede que eleitores transitem de uma zona de votação à outra para evitar conflitos. (Foto: Daniel Giovanaz)

A partir das 9h, começaram as filas nos locais de votação.
A comerciante Esperanza Arlans é comerciante e eleitora de Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales. Ela cita as políticas sociais como um ponto forte do atual governo e gostaria que as mudanças fossem ainda mais profundas no país.
"Necessitamos que a Bolívia melhore. Apesar de que esse governo está fazendo bem, ajudando os pobres, garantindo moradia… O governo tem planos de dar 500 bolivianos [por mês, cerca de R$ 310,00) para as pessoas que estão inválidas e não podem trabalhar. Mas tem que melhorar mais", afirma



A comerciante Esperanza entende que o governo Morales está no caminho certo. (Foto: Daniel Giovanaz)

Os eleitores entrevistados pela reportagem do Brasil de Fato que votaram pela oposição não costumam elogiar um candidato especificamente, mas criticar o que consideram violações da ordem democrática realizadas pelo atual governo. Um dos acontecimentos mais lembrados é a derrota de Morales no referendo sobre a possibilidade concorrer ao quarto mandato – a decisão foi revertida em tribunais superiores, com base em princípios constitucionais.
"A Bolívia precisa mudar todo seu sistema político. É um sistema corrupto. Espero que a Bolívia reverta a situação atual, porque esse governo é déspota, completamente retrógrado", aponta o eleitor Gonzalo Chavez. "É o mesmo que acontecia no Brasil, com Lula, e na Argentina, com Cristina Fernandez".
Favoritismo
Prestes a completar 60 anos, Evo Morales tem 40% das intenções de voto para presidente, segundo o instituto IPSOS, e é o favorito. Liderança histórica dos cocaleiros em Cochabamba, região central, ele concorre ao quarto mandato ao lado do vice Álvaro García Linera.
Em segundo lugar nas pesquisas, com 22%, aparece o ex-presidente Carlos Mesa (Comunidade Cidadã). Aos 66 anos, ele propõe uma mudança gradual de modelo econômico, distanciando-se do horizonte socialista.
O empresário e senador Óscar Ortiz (Bolívia Diz Não) tem 50 anos e é o terceiro colocado na disputa, com 10% das intenções de voto.
Fundador de mais de 70 igrejas presbiterianas, o sul-coreano Chi Hyun Chung (Partido Democrata Cristão) chegou a 6% é o candidato que mais cresce nas pesquisas na reta final.
Com uma campanha realizada principalmente pela internet, ele aposta em uma agenda ultraconservadora e agressiva, com bandeiras semelhantes às que elegeram Jair Bolsonaro (PSL) no Brasil.
Para vencer a disputa presidencial em primeiro turno, não é preciso fazer 50% dos votos válidos mais um, como no Brasil. Basta ter 40% e abrir dez pontos percentuais de vantagem em relação ao segundo colocado. Se houver segundo turno, a votação ocorrerá no dia 15 de dezembro.
Edição: Rodrigo Chagas
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