25 de dez. de 2019

Cultura e arte: os antídotos para um ano sombrio. - Editor - AÇÃO, PARTICIPAÇÃO, RESISTENCIA, TENACIDADE, AÇÕES DE UNIÃO E CONVERGENCIA, FARÁ DE 2020 UM ANO RADIOSO,ACABANDO COM AS TREVAS.

Cultura e arte: os antídotos para um ano sombrio

As resenhas de filmes mais significativos de 2019 publicadas em 'Carta Maior' sobre os assuntos inquietantes deste momento histórico de transição

 
24/12/2019 18:42
(Arte/Carta Maior)
Créditos da foto: (Arte/Carta Maior)
 
Fim de ano sombrio em que não há o que comemorar. No mundo e, em especial, no Brasil. A desigualdade aumenta, os protestos nas ruas se multiplicam por toda parte, avolumam-se as migrações de famílias desesperadas procurando fugir das guerras neo coloniais. Crianças refugiadas se suicidam. A incerteza política, as fraudes e as notícias falsas vomitadas para ludibriar grandes massas de eleitores com a tecnologia de informação desregulada atingem todos os continentes.

Na África, chacinas e massacres se sucedem semanalmente sob o manto do silêncio criminoso da mídia brasileira. Aqui, mais de doze milhões de pessoas não encontram emprego digno: o índice rompeu a casa dos dez milhões, sem registrar os outros 38 milhões trabalhando na ''informalidade'' e o contingente dos que desistiram de procurar trabalho para sobreviver.

A uberização do trabalho se dissemina em dezenas de países. O desequilíbrio climático dispensa teorias absurdas; altera o dia-a-dia das populações nos dois hemisférios; com o fogo, os incêndios brutais ou com o frio, as águas e as inundações.

A violência cotidiana aumenta.

Com o objetivo de estimular e aprofundar a reflexão, e reforçar a resistência e o enfrentamento às perspectivas nada otimistas de um cenário pré-Blade Runner, o filme clássico de Ridley Scott, mirando 2020 Carta Maior ressalta a necessidade crescente do conhecimento, da Cultura e da Arte - no caso, a Arte do Cinema - como instrumentos e antídotos ao ciclo de sombras em que entramos. Nós, aqui, conduzidos pela ignorância, imbecilidade, grosseria e crueldade que emanam do Planalto, em Brasília, e intoxicam e adoecem o país.

Selecionamos vinte resenhas de filmes exibidos este ano, publicadas em Arte/Cinema sobre temas candentes. Alguns, ainda em cartaz nos cinemas; outros podem ser encontrados em plataformas de streaming. Duas seleções divididas em duas séries: esta, a primeira, para o recesso de Natal. A segunda, para ser degustada na semana de Ano Novo.

Na perspectiva cinematográfica, no entanto, há o que comemorar: o triunfo da indústria brasileira de filmes, em 2019, fruto das políticas culturais dos governos progressistas anteriores, atualmente seriamente ameaçadas.

 

O documentário da mineira Petra Costa, Democracia em vertigem (leia mais: aquiaqui, e aqui), e o filme de ficção do pernambucano Kleber Mendonça, Bacurau, são exemplos de produções nacionais de elevado nível técnico e artístico reconhecido aqui e mundo afora.

O primeiro chegou à seleção de pré-candidatos ao Oscar de Filme Estrangeiro de 2010. ''Mostra como o Brasil passou da esperança democrática ao autoritarismo popular'' e uma das resenhas é Como um país muda de peleA outra é O que aconteceu com o Brasil''Filme que deve ser visto por todos os que querem entender os últimos seis anos vertiginosos vividos por este país. Para os que agem contra o que Lula classificou, vê-se no filme, “de uma sacanagem que não tem precedente.”
E mais as considerações da diretora, o seu próprio texto publicado no jornal inglês The Guardian, semana passada.


Bacurau continua em exibição nas telonas do mundo. Em Paris, há três meses, nos cinemas da rive gauche. A resenha de CM se intitula Bacurau, alegoria do pequeno que resisteNela, a observação: ''A pequena Bacurau é facilmente vista como representação de uma parte do Brasil que não deveria existir pelos padrões do governo Bolsonaro''. (Leia também sobre Bacurau aquiaquiaqui e aqui)
Sobre A Vida Invisível, do competente Karim Ainouz, em abril passado Carta Maior registrou: ''Outro representante da nossa cultura, este ano, em Cannes, é o novo filme de Karim Aïnouz, A vida invisível de Eurídice Gusmão, que participará da mostra Un Certain Regard. O longa é uma livre adaptação do romance com o mesmo título, de Martha Batalha. Produção de Rodrigo Teixeira, da RT Features, em parceria com a produtora alemã The Match Factory. As atrizes Carol Duarte e Júlia Stockler interpretam as protagonistas do elenco. Nele, também estão os atores Gregório Duvivier, Barbara Santos e Maria Manoella. Fernanda Montenegro faz uma participação especial.''



Trata-se de um melodrama tropical sobre a cumplicidade entre mulheres, uma crônica da condição feminina no Rio de Janeiro dos anos 50, década marcada por um conservadorismo profundo. "Um filme que fala sobre amor, amizade e questões tão importantes para o Brasil de agora, colocando no centro das questões a condição da mulher através das duas protagonistas interpretadas por atrizes brilhantes", diz o produtor Rodrigo Teixeira.

A crítica do filme em CM virá em janeiro.

(Reprodução/Vitrine Filmes)

Estou me guardando para quando o Carnaval chegar (aqui, e aqui), de Marcelo Gomes, é outro belo documentário que mostra a precarização do trabalho industrial chegando ao Nordeste com a confecção de jeans e levando a ilusão do quanto é positivo o tal empreendorismo e supostas vantagens da uberização. Duas das principais mentiras das políticas neoliberais.

 

Pastor Claudio (aqui, e aqui) e Torre das Donzelas (leia aqui, e aqui) pertencem também à safra de excelentes documentários lançados em 2019 com denúncias em imagens, reminiscências e depoimentos sobre os anos de chumbo da ditadura civil-militar de 64. Exemplos do cinema documentário brasileiro que vem ocupando os vazios criados pelo jornalismo e procuram perpetuar a memória política das gerações mais jovens - e a dos mais velhos, que viveram na pele a época dos anos 60.

Torre das Donzelas (Divulgação)

Parasita, cartaz que vem de fora festejado pela crítica profissional e pelos cinéfilos, é mais um filme oriental admirável. Do aclamado diretor Bong Joon-Ho, vem da Coréia do Sul. Na resenha Um fantasma no porão da casa dos ricos comentamos como os parasitas podem se entre devorar. Os pobres, parasitas dos ricos. E vice-versa. Na análise O cheiro dos pobres, '' todos são parasitários da desigualdade social. A diferença se faz sentir pelo cheiro, e essa é uma das anotações mais agudas de Bong Joon-ho.''



No que diz respeito às novas formas das fraudes tecnológicas que grassam, assim como no Brasil também na política internacional, a resenha publicada em Carta Maior em 2019, Oportunismo e loucura na política comenta dois docs: Um deles, Driblando a democraciado francês Thomas Huchon. Versa sobre os agentes especialistas na promoção e instauração do caos político no mundo protagonizado pela empresa anglo/americana Cambridge Analytica e pelo seu chefe maior, um bilionário maluco e extremamente perigoso de nome Robert Mercer.

O diretor Thomas Huchon nos bastidores do documentário 'Driblando a Democracia: Como Trump Venceu'

O segundo é o documentário The brink. Em português ganhou o título de À beira remetendo à ideia de "à beira do precipício". É um perfil/propaganda disfarçada do super marqueteiro Steve Bannon, tido como o principal responsável pela vitória do atual presidente dos Estados Unidos. Ele é também consultor da claque familiar do presidente daqui.

 

A resenha Algoritmos que confundem e sobrecarregam nossas vidas, que trata de ''Vidas Duplas'', do francês Olivier Assayas, aborda ''a digitalização do nosso mundo e sua reconfiguração em algoritmos. Esse é o vetor moderno de uma mudança que nos confunde e sobrecarrega".

 


Woody Allen ameniza a semana natalina com seu mais recente filme, Um dia de Chuva em Nova Iorque. Comenta a plutocracia dos Estados Unidos e os bilionários americanos. E diz por que gosta de filmar a chuva. ''Ela é simplesmente linda. Fornece o clima para que coisas mais íntimas aconteçam entre as pessoas e afeta o estado de espírito delas de uma certa forma."

 

Contanto que não seja um dilúvio tropical que alague terras e cidades, dirá um ambientalista com justa razão.

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