13 de jan. de 2020

Para ser você, um cocar

Para ser você, um cocar

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Índia Vanuíre foi uma mulher indígena que subia em árvores com sua melodia. Museu em seu nome relata, em Tupã, município do interior do Estado de São Paulo:
No início do século XX, a marcha do café para o oeste de São Paulo trouxe consequências violentas para os Kaingang que ocupavam esse território. Ocorriam constantes chacinas de aldeias inteiras e grande divulgação negativa dos Kaingang por meio da imprensa, com o objetivo de desvalorização das terras dominadas pelos indígenas, para posterior valorização para aqueles que as compraram. O extermínio não se completou graças à ação do SPI – Serviço de Proteção aos Índios.
Desde então, a índia Vanuíre faz parte do imaginário da população da região, sendo considerada uma heroína. De acordo com a lenda, Vanuíre subia em um jequitibá de dez metros de altura, onde permanecia do nascer do dia ao cair da tarde entoando cânticos de paz.
De fato, Vanuíre foi uma Kaingang trazida de Campos Novos do Paranapanema (atual Campos Novos Paulista)pelo SPI, como estratégia de atração dos Kaingang da região para que fossem aldeados. Assim, ela atuou como intérprete, como outros. Ela simboliza o fim dos conflitos, em 1912, que resultou no aldeamento dos Kaingang em duas áreas restritas, hoje as Terras Indígenas Vanuíre e Icatu, localizadas respectivamente em Arco-Íris e Braúna (SP). A índia Vanuíre faleceu em 1918 em Icatu, onde viveu seus últimos dias.
Povos da terra unem-se novamente em janeiro do ano 2020, recolhem arcos e bordunas, será palavra a arma. Grande encontro se anuncia, plumas audazes, rebeldia, onça preta numa velocidade estonteante. 
Índio crê, indígenas acreditam em respostas, reto.
É o cacique geral que soa o brado,  no pesadelo original da nação que asfixia, coagula o trombo, amazônico guardião.
Raoni, Ropni Metuktire, nosso vento de paz prêmio Nobel, presidirá grande encontro entre os povos da floresta na semana que se inicia, pois não só indígena é seu pranto. É negro, é cafuso, é seringueiro, é ribeirinho, os fugitivos dos grilhões e alcobaça, gente difusa, de mato.
Sua coroa de plumas, seu beiço de pau, seu olhar de água indicam leitos.
Daqui encanto, sei que o chão puro torna os pés descalços um couro grosso, espinha, faz firme perna que caminha.
Louco é quem os dizem.
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