Boulos: O golpismo do general Heleno vem de longe
O golpismo de Heleno vem de longe. Não esqueçam que ele era ajudante de ordens do Gen. Sylvio Frota, que tentou um golpe em Geisel contra a abertura que encerrou a ditadura militar. É viúvo da pior tradição autoritária. Sem falar em suas histórias muito mal explicadas no Haiti… Guilherme Boulos, ex-candidato do Psol ao Planalto, no twitter
O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, mandou um “foda-se” para o Congresso.
“Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se”, disse ele em relação à queda de braço entre o Congresso e o Planalto em torno da execução orçamentária.
O presidente do Congresso, Rodrigo Maia, rebateu: “Geralmente, na vida, quando a gente vai ficando mais velho, a gente vai ganhando equilíbrio, experiência e paciência. O ministro, pelo jeito, está ficando mais velho e está falando como um jovem, um estudante no auge da sua juventude. É uma pena que o ministro com tantos títulos tenha se transformado num radical ideológico contra a democracia, contra o Parlamento. Muito triste. Não vi por parte dele nenhum tipo de ataque quando a gente estava votando o aumento do salário dele como militar da reserva”.
Maia sugeriu que, sem o apoio dele e de outras lideranças no Congresso “o governo não ganhava nada aqui dentro”.
Para Heleno, o governo Bolsonaro vai entregar a “rendição” se aceitar que o Congresso controle cerca de R$ 30 bilhões do orçamento de 2020.
O comportamento agressivo de Heleno não é o primeiro desde que assumiu o cargo.
“Um presidente desonesto é um deboche com a sociedade, destrói o conceito do país”, ele disse ao dar um tapa na mesa em junho de 2019.
Reagia, então, a uma entrevista em que o ex-presidente Lula questionou a facada que levou o candidato Jair Bolsonaro ao hospital.
“É viúvo da pior tradição autoritária”, escreveu hoje a respeito de Heleno o ex-candidato do Psol ao Planalto, Guilherme Boulos.
O psolista lembrou que Heleno foi ajudante de ordens de Sylvio Frota.
Falemos do general Sylvio Frota, morto em 1996. Oficial graduado, foi ministro do Exército do ditador Ernesto Geisel, entre 1974 e 1977, quando o regime anunciava a transição “lenta, gradual e segura”. Frota talvez tenha sido o maior opositor da abertura democrática, que considerava uma traição ao “processo revolucionário”. Anticomunista, elaborou a famosa lista dos 97 “subversivos infiltrados no Estado” e passou a minar Geisel, a quem pretendia suceder e que considerava ideologicamente de esquerda.
Sim, para Frota, Geisel era quase um comunista. Foi exonerado pelo presidente em 12 de outubro de 1977, não sem tentar uma conspiração golpista – um golpe dentro do golpe – no mesmo dia. Fracassou. Os generais que tentou convocar para o levante haviam sido chamados por Geisel ao Palácio do Planalto. Escreveu então um manifesto público, no qual resume suas crenças sobre o Brasil. Possivelmente passou despercebido que um dos exonerados daquele dia tenha sido um certo capitão Augusto Heleno, nada menos que ajudante de ordens do ministro.
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