Você não precisa nem morar em São Paulo para ter visto o grafite “Operários de Brumadinho”, do artista Mundano, num painel gigantesco num prédio da Avenida Senador Queirós, no bairro de Santa Ifigênia, em frente ao Mercado Municipal de São Paulo, um manifesto em homenagem às vítimas da barragem na cidade mineira.
A imagem está bombando nas redes sociais, nesta sexta (31/01), mostrando o trabalho de 800 metros quadrados, que teve como inspiração a tela “Operários” (1933), de Tarsila do Amaral, e feito com uma tinta especial tirada dos rejeitos tóxicos da lama. Mundano foi duas vezes à cidade para ver de perto os impactos da tragédia e pegou cerca de 250 kg de material para fazer os pigmentos — ele peneirou e misturou 270 litros de tinta.
“Foram sete dias de preparação da parede que estava toda descascando e mais seis dias de pintura. Uma verdadeira maratona que nos deixava com os músculos todos doloridos. Outro desafio foi a altura de 50 metros, balançando de lá pra cá pra, pintar com pincel e lama, enfrentando desde o calor de 35 graus às chuvas e frio à noite. Não usei os rostos das 272 vítimas, nem dos 11 desaparecidos e dos atingidos que pediam por Justiça, por ser delicado e o meu recorte só ter 22 rostos. Mas suas expressões eu nunca mais esqueci e fizeram parte da base das faces mescladas com as da obra original e com os traços de trabalhadores que encontrei durante a produção. Os operários se identificaram com a obra e os atingidos agradeceram”, disse Mundano.
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