26 de mar. de 2020

Guilherme Werneck sobre atuação diante da pandemia: “A resposta inicial foi errática!”



Guilherme Werneck sobre atuação diante da pandemia: “A resposta inicial foi errática!”

O site Uol produziu na última segunda-feira (23) matéria explicando as estratégias de controle da pandemia do Coronavírus em cada fase de sua contaminação. O vice-presidente da Abrasco, Guilherme Werneck explica que tais medidas incluem não só procedimentos médicos como também medidas sanitárias e políticas fundamentais para controle e atendimento da população. A questão política é analisada por Guilherme Werneck como uma das principais para lidar com pandemia, segundo ele, “A resposta inicial foi errática. Houve, de certa forma, algumas manifestações minimizando o problema. Diziam: ‘isso não ia chegar aqui’, ‘é um país tropical’, ‘é calor’, ‘é mais uma gripe’, inclusive de parte de membros do governo”.
Guilherme Werneck aponta ao longo da matéria as especificidades das fases de atuação diante da pandemia, distribuídas em quatro pontos: contenção, mitigação, supressão e recuperação. A primeira etapa estaria relacionada ao controle sobre pessoas que chegam ao país, sabendo se tiveram contato com pessoas com o vírus, se tem sintomas e saber para onde essa pessoa vai. Já na fase de mitigação, que segundo Werneck é a que se encontra o Brasil, a ideia é “fazer com que a transmissão interna seja reduzida”, cancelando eventos, paralisando aulas e diminuindo a circulação de pessoas.  A supressão prevê que qualquer medida isolada provavelmente será limitada, então, essa etapa se propõe a uma série de medidas para conter possíveis sobrecargas do sistema de saúde. Por fim, a fase de recuperação se dá quando a pandemia dá sinais consistentes de que está acabando, principalmente com a diminuição de número de infectados. Segundo o abrasquiano, essa última fase tem elementos sociais importantes por conta dos diversos abalos nas vidas das pessoas: “As pessoas vão perder por muito tempo sua fonte de renda, perderão pessoas, fizeram gastos, empresas fecharam, grandes empresas entraram em crise, populações imensas ficaram vulneráveis.”
Sobre a questão política, a abrasquiana Ligia Bahia aponta que a preparação insuficiente do país no início da pandemia preocupa sobretudo pela superlotação do sistema público de saúde. “O nosso SUS não tem potência para responder a uma sobrecarga como a que estamos vendo em outras partes do mundo. Seria importante que a fase inicial tivesse sido mais bem sucedida. Uma fase que não envolve atendimento médico, mas de ‘polícia médica’, de controle e isolamento”.
Já Gastão Wagner, presidente da Abrasco (2015-2018), abordou a dificuldade de articulação do Ministério da Saúde com estados e municípios: “Nos últimos 15 dias, noto que os governadores e prefeitos tomaram as principais medidas de isolamento, enquanto a coordenação federal se mostrou ausente”. Gastão expõe também os problemas do governo: “O ministro (Luiz Henrique Mandetta) vinha atuando de forma autônoma, mas o presidente Bolsonaro discordou de medidas como o fechamento de comércio, de shoppings, fronteiras (a principal estratégia de achatamento da curva) no início da crise, porque, para ele, a paralisia inevitável da economia seria mais grave que a epidemia.”.
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