O revisionismo em breve estará a serviço do fascismo
Dia 04 de julho será comemorado o 72° aniversário de morte do escritor brasileiro José Bento Renato Monteiro Lobato, ou mais reconhecidamente; Monteiro Lobato.
Monteiro Lobato produziu nada menos do que 67 obras autorais, além de inúmeras traduções e artigos.
Em uma época em que os livros brasileiros eram editados apenas na Europa, Monteiro Lobato tornou-se também editor.
Monteiro Lobato produziu nada menos do que 67 obras autorais, além de inúmeras traduções e artigos.
Em uma época em que os livros brasileiros eram editados apenas na Europa, Monteiro Lobato tornou-se também editor.
Foi ensaísta e contista.
A biografia de Monteiro Lobato está ligada também à luta perseverante pela nacionalização do petróleo brasileiro.
Fundou empresas ligadas à perfuração de petróleo próximo ao território da Bolívia rico em petróleo e isso contrariou diretamente interesses de grandes empresas internacionais à época. Pois havia interesse político em afirmar não existir petróleo em solo brasileiro. Monteiro Lobato enfrentou esse discurso mentiroso pública e ruidosamente. E essa luta teve para ele um alto custo pessoal, abalando sua saúde e levando-o à ruína financeira.
Monteiro Lobato foi também responsável por importantes inovações nos livros didáticos, especialmente direcionados ao público infantil.
Monteiro Lobato foi também responsável por importantes inovações nos livros didáticos, especialmente direcionados ao público infantil.
No quesito contos infantis, setores revisionistas se dedicaram, mais recentemente, a atacar a obra de Monteiro Lobato. Acusam suas produções de racistas, ao fazer-lhes uma análise pautada por um crivo anacrônico. Sua série de contos infantis do Sítio do Pica Pau Amarelo é o principal alvo desses ataques, por ser muito presente nos acervos das bibliotecas escolares e por seus personagens possuírem, até hoje, um carisma muito significativo junto ao público infanto-juvenil.
Publicada entre as décadas de 20 e 40 do século XX, a série de obras do Sítio do Pica Pau Amarelo é sucesso ainda hoje e inspirou de séries televisivas a peças teatrais de sucesso no Brasil e exterior. A série trás um rico cenário imagético inspirado em lendas e em personagens do folclore brasileiro mesclado, de modo leve e divertido, à mitologia grega e aos contos dos irmãos Grimm.
Hoje existe um debate aberto sobre a possibilidade de interdição e de censura à obra de Monteiro Lobato. Quando seria didático e importante gerar mediação e debate crítico a respeito de seu conteúdo.
Seria de fato importante retomar o estudo de sua biografia e ater-se à leitura de seu livro “O Escândalo do Petróleo”. Obra em que demonstra sua posição nacionalista na defesa do petróleo e da soberania brasileira.
É estranha demais uma campanha que envolve receituário de censura a um autor brasileiro, de perfil nacionalista exatamente em um momento em que a soberania brasileira é abatida frente à anexação internacional do pré sal; da base aeroespacial de Alcântara e quando a própria Amazônia enfrenta a possibilidade de um cenário futuro de militarização internacional.
Tudo isto parece estar interligado. Pois envolve patrimônio cultural brasileiro, com a valorização de uma obra clássica que celebra nosso folclore , nosso imaginário popular e um vulto reconhecido por sua luta na defesa das riquezas nacionais.
O racismo é uma ferramenta de exclusão, pois marca um discurso da diferença. Sem a diferença para categorizar quem é cidadão e quem não é, o sistema capitalista não poderia reforçar a desigualdade. E sem ela não existe o capitalismo.
Enquanto a esquerda se torna instrumento ativo do imperialismo no ataque à obra consagrada de um escritor que representa a memória da cultura e das lutas brasileiras, o estado burguês fascista promove o extermínio da juventude negra e das nossas comunidades e lideranças indígenas.
Enquanto isso, “socialites” desprezíveis promovem discursos higienistas debochados contra quem é obrigado a morar nas rua. Isso quando se sabe que maioria da população em situação de rua é negra.
A “intelectualidade brasileira”, expressa sem setores da esquerda pequeno-burguesa, portanto, comete um erro medonho ao se aliar a discursos que pedem censura. É inacreditável e assustador que queiram começar a censurar livros! Isso não é luta antirracista. Isso é fascismo.
Atacado por direita e esquerda
Um dos maiores escritores da história do Brasil, foi nacionalista, engajado na campanha “O petróleo é nosso” e deve ser defendido dos ataques e da tentativa de censura
Oautor do clássico infantil “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, José Bento Monteiro Lobato teve sua morte em 4 de julho de 1948, aos 66 anos de idade, na cidade de São Paulo. Um dos escritores mais populares da nossa história, Monteiro Lobato, que tem suas obras agora em domínio público, atualmente está no banco dos réus de setores da esquerda pequeno-burguesa, que querem “prendê-lo” por racismo, mas como isto é impossível já que ele não está vivo, se contentaram com censurar seus escritos.
VIDA E OBRA
Escreveu, foi ativista, diretor e produtor brasileiro e um importante editor de livros inéditos, também autor de importantes traduções. Seguido a seu precursor Figueiredo Pimentel (“Contos da Carochinha”) da literatura infantil brasileira, ficou popularmente conhecido pelo conjunto educativo de sua obra de livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produção literária.
Contista, ensaísta e tradutor, Lobato nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles no livro Urupês, uma de suas obra-primas como escritor, que narra a rotina de caipiras do interior de São Paulo, apresentando ao público o personagem do ”Jeca-tatu”.
A outra metade, consistindo de contos (geralmente sobre temas brasileiros), artigos, críticas, crônicas, prefácios, cartas, livros sobre a importância do ferro (Ferro, 1931) e do petróleo (O Escândalo do Petróleo, 1936). Escreveu um único romance, O Presidente Negro, que não alcançou a mesma popularidade que suas obras para crianças, que entre as mais famosas destacam-se também Reinações de Narizinho (1931) e Caçadas de Pedrinho (1933).
PETRÓLEO E NACIONALISMO
Monteiro Lobato escrevia críticas ao governo de Getúlio Vargas, em forma de histórias infantis, tendo como mote a tímida exploração do petróleo. O escritor queria que Vargas realizasse mais perfurações de campos de petróleo, pois sabia do potencial benefício para o País. O livro infantil chamado “O Poço de Visconde” contém essa crítica.
No texto O Escândalo do Petróleo, de 1936, ele demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo no Brasil apenas por empresas brasileiras.
Do mesmo modo, matéria jornalística de Lobato chegou a ser censurada pelo governo varguista tendo em vista suas críticas ao governo. Foi um dos impulsionadores do movimento conhecido como “O Petróleo é Nosso”. Como defensor nacionalista e crítico explícito, Lobato chegou a ser preso por alguns anos devido à censura. Sua obra, entretanto, está livre para conhecimento do povo brasileiro e deve permanecer assim.
SEMANA DE 22, RACISMO E CENSURA
Lobato atacou com extrema violência a semana da Arte Moderna em 1922, posteriormente se juntou ao Modernismo. Tem uma trajetória confusa. Tornou-se nacionalista e inclusive ingressou no Partido Comunista no final de sua vida.
Não se deve considerar Monteiro Lobato um autor racista. Ele evidentemente teve uma posição racista, mas era uma posição puramente intelectual. Ele não participou de nenhum movimento racista ou qualquer coisa do tipo. É uma posição ruim, mas isso deve ser visto de acordo com a perspectiva da época.
Monteiro teve sim colocações racistas em determinado momento, mas também colocações contra o racismo. É importante levar isto em consideração, como o conto ”Negrinha” (1920), é um exemplo disso, que trata da questão.
DIREITA SEMPRE ATACOU MONTEIRO LOBATO
É preciso levar em conta que a direita brasileira sempre fez uma campanha muito dura contra Monteiro Lobato. Em geral contra as obras infantis, que são uma joia da literatura nacional. Não há dúvida nenhuma que as obras infantis são combatidas pela direita justamente porque, para ela, a formação das crianças tem que ser estritamente reacionária.
Mas Monteiro Lobato falava de tudo, tinha uma posição extremamente progressista nessas obras. Não dá pra dizer que Monteiro Lobato era ”comunismo para crianças”, como já foi dito para autores da direita. Antes fosse. Não chega a ser tudo isso, mas pode-se caracterizá-la como uma obra progressista, democrática, etc.
A extrema-direita e a direita tradicional sempre procuraram banir Lobato da vista das crianças. Essa mesma ambição foi adotada pelo movimento negro, que decidiu perseguir Monteiro Lobato como escritor racista. Mas o que eles apontam como racista na obra dele não tem nada a ver com racismo.
CULTURA É CULTURA
O passado da humanidade está cheio de loucuras – principalmente produzidas pelas igrejas cristãs, mas também por outras religiões. Em que os opressores se utilizaram da censura e da destruição do patrimônio cultural da humanidade, sob a justificativa de que não seria ”correto” permitir determinadas manifestações das quais eles não concordavam. Mas isto é pura arbitrariedade ditatorial, reacionária. Cultura é cultura.
Marquês de Sade escreveu as coisas mais escabrosas possíveis. Existe algum movimento para proibir este autor? Nunca ouvimos falar disso. Existem escritores que não são uma maioria, mas que foram fascistas, e que escreveram obras de determinada importância. Deve-se proibir esses autores também? Claro que não. Deve-se reivindicar o direito do povo de ler qualquer coisa.
No Brasil, um dos pioneiros do romancismo modernista foi Plínio Salgado, o criador do Integralismo. Deve-se proibi-lo? Deve-se queimar numa fogueira como a Inquisição fez? Não. A esquerda, infelizmente, vive num ambiente pequeno-burguês, onde a direita tem grande iniciativa ideológica. Isso faz com que a própria esquerda fique direitista. O caso de Monteiro Lobato prova isso.
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