19 de ago. de 2020

"É CHOCANTE", DIZ FILHO DE RUBENS PAIVA SOBRE NOMEAÇÃO

 

"É CHOCANTE", DIZ FILHO DE RUBENS PAIVA SOBRE NOMEAÇÃO

Bolsonaro nomeou em seu gabinete na Câmara, como assessora parlamentar, mulher do general que é réu pela morte de Rubens Paiva
O escritor Marcelo Rubens Paiva Foto: Julia Moraes / Divulgação
O escritor Marcelo Rubens Paiva Foto: Julia Moraes / Divulgação

“Uma informação chocante.” Foi assim que o escritor Marcelo Rubens Paiva definiu a revelação feita por ÉPOCA de que o presidente Jair Bolsonaro nomeou em seu gabinete na Câmara, como assessora parlamentar, Maria de Fátima Campos Belham, mulher do general reformado do Exército José Antônio Nogueira Belham. Marcelo é filho do parlamentar considerado desaparecido desde janeiro de 1971 quando foi preso e levado ao Destacamento de Operações de Informação — Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro.

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O general foi um dos quadros mais importantes do Exército nas ações de repressão durante a ditadura militar e chefiou o DOI quando o deputado federal Rubens Paiva foi assassinado. Desde 2014, Belham e outros quatro militares se tornaram réus pelo assassinato e ocultação de cadáver do parlamentar.

“Não fazia a menor ideia disso e é uma informação chocante. O Belham certamente deve ter contado o que aconteceu com meu pai. Como falou sobre saber o que aconteceu com o pai do presidente da OAB”, afirmou Marcelo Rubens Paiva, em referência às falas do presidente na última semana de que, “se o presidente da OAB quiser saber como o pai desapareceu no período militar, eu conto para ele”. O presidente da ordem é Felipe Santa Cruz de Oliveira, filho de Fernando Santa Cruz de Oliveira, desaparecido político desde 1974.

Para ele, a nomeação significa proximidade entre Bolsonaro e Belham. "O Bolsonaro sabe de muito mais coisa e ele deve saber o que realmente aconteceu. Ele simplesmente convivia com o chefe do DOI e ele está falando isso para nos humilhar. É um sádico”, afirmou.

O escritor também contou que apenas recentemente tomou conhecimento de um discurso do Bolsonaro proferido na Câmara, em 2012, e no qual ele também atribuiu outra versão para o desaparecimento de seu pai. Na ocasião, Bolsonaro disse que “o grupo do Lamarca suspeitou que Rubens Paiva o havia denunciado” e, por isso, “esperaram o momento certo. Quando o Rubens Paiva foi detido pelo Exército, posto em liberdade, com toda a certeza, foi capturado e justiçado pelo bando do Lamarca e pelo bando da esquerda, da VPR”.

Marcelo também criticou a lentidão do Supremo para julgar o trancamento do caso de seu pai. “O STF está postergando muitas coisas. Está amedrontado, ausente dos abusos que estão sendo cometidos. A questão dos índios e as falas do Bolsonaro são exemplos disso”, completou.

https://epoca.globo.com/brasil/e-chocante-diz-filho-de-rubens-paiva-sobre-nomeacao-23845797

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