"É CHOCANTE", DIZ FILHO DE RUBENS PAIVA SOBRE NOMEAÇÃO
“Uma informação chocante.” Foi assim que o escritor Marcelo Rubens Paiva definiu a revelação feita por ÉPOCA de que o presidente Jair Bolsonaro nomeou em seu gabinete na Câmara, como assessora parlamentar, Maria de Fátima Campos Belham, mulher do general reformado do Exército José Antônio Nogueira Belham. Marcelo é filho do parlamentar considerado desaparecido desde janeiro de 1971 quando foi preso e levado ao Destacamento de Operações de Informação — Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro.
O general foi um dos quadros mais importantes do Exército nas ações de repressão durante a ditadura militar e chefiou o DOI quando o deputado federal Rubens Paiva foi assassinado. Desde 2014, Belham e outros quatro militares se tornaram réus pelo assassinato e ocultação de cadáver do parlamentar.
“Não fazia a menor ideia disso e é uma informação chocante. O Belham certamente deve ter contado o que aconteceu com meu pai. Como falou sobre saber o que aconteceu com o pai do presidente da OAB”, afirmou Marcelo Rubens Paiva, em referência às falas do presidente na última semana de que, “se o presidente da OAB quiser saber como o pai desapareceu no período militar, eu conto para ele”. O presidente da ordem é Felipe Santa Cruz de Oliveira, filho de Fernando Santa Cruz de Oliveira, desaparecido político desde 1974.
Para ele, a nomeação significa proximidade entre Bolsonaro e Belham. "O Bolsonaro sabe de muito mais coisa e ele deve saber o que realmente aconteceu. Ele simplesmente convivia com o chefe do DOI e ele está falando isso para nos humilhar. É um sádico”, afirmou.
O escritor também contou que apenas recentemente tomou conhecimento de um discurso do Bolsonaro proferido na Câmara, em 2012, e no qual ele também atribuiu outra versão para o desaparecimento de seu pai. Na ocasião, Bolsonaro disse que “o grupo do Lamarca suspeitou que Rubens Paiva o havia denunciado” e, por isso, “esperaram o momento certo. Quando o Rubens Paiva foi detido pelo Exército, posto em liberdade, com toda a certeza, foi capturado e justiçado pelo bando do Lamarca e pelo bando da esquerda, da VPR”.
Marcelo também criticou a lentidão do Supremo para julgar o trancamento do caso de seu pai. “O STF está postergando muitas coisas. Está amedrontado, ausente dos abusos que estão sendo cometidos. A questão dos índios e as falas do Bolsonaro são exemplos disso”, completou.
https://epoca.globo.com/brasil/e-chocante-diz-filho-de-rubens-paiva-sobre-nomeacao-23845797
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