11 de jan. de 2021

Não podemos parar de falar sobre os torturadores. - Editor - ALÉM DE FALAR,DEVEM SER JULGADOS, APENADOS E ENCARCERADOS PELO CRIME COMETIDO. NÃO ESTÃO ACIMA DA LEI.

Não podemos parar de falar sobre os torturadores No Brasil, afirmar que tortura é crime imprescritível, como fez Gilmar Mendes sobre Bolsonaro, é uma verdade sem consequências, escreve Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia. "Bolsonaro, os filhos, seu vice, todo mundo no governo exalta torturadores. Qualquer um elogia torturadores e assassinos nas redes sociais" 9 de janeiro de 2021, 20:38 h Atualizado em 9 de janeiro de 2021, 20:52 12 ... (Foto: Divulgação) Siga o Brasil 247 no Google News Assine a Newsletter 247 Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia Ainda circula pela internet, como se fosse grande coisa, o texto de Twitter do ministro Gilmar Mendes com uma advertência que, sem citar Bolsonaro, foi dirigida ao admirador de torturadores. É este o texto, postado no fim do ano: “Tortura é crime inafiançável e imprescritível. Quem entoa saudades da ditadura só pode padecer de amnésia ou – pior ainda – de absoluta falta de conhecimento histórico”. por taboolaLinks promovidos Você pode gostar Xuxa dispara contra Bolsonaro: “governo virou piada e chacota no mundo todo, é vergonhoso” Comerciantes de São Paulo criam loja virtual com este aplicativo Olist Novo presidente da Comissão de Relações Exteriores dos EUA diz que vai pressionar "Bolsonaros do mundo” Livro vetado por Ernesto Araújo chegará às livrarias em fevereiro Bolsonaro havia debochado de novo das torturas sofridas por Dilma Rousseff na ditadura. A esquerda toda reagiu. Da direita, uma das poucas reações foi a de Gilmar Mendes, talvez a mais noticiada e destacada. Mas a advertência só teria algum valor se tivesse a autoria de um juiz argentino, chileno e até uruguaio. Aqui, um juiz afirmar que tortura é crime imprescritível é mais ou menos como dizer que Bolsonaro é genocida. São duas verdades sem consequências. A primeira nem como ameaça vale. Bolsonaro, os filhos, seu vice, todo mundo no governo exalta torturadores. Qualquer um elogia torturadores e assassinos nas redes sociais. E os torturadores que eles admiram, que trabalharam a mando dos militares por mais de duas décadas, estão soltos ou morreram impunes. Apesar do esforço de ações políticas e da Comissão da Verdade, da valentia de líderes da Igreja Católica e de militantes dos direitos humanos e de iniciativas do Ministério Público, não há notícia de que alertas como os de Gilmar Mendes tenham efetividade. Em julho deste ano, o Ministério Público Federal apresentou ação penal contra Rubens Gomes Carneiro, Ubirajara Ribeiro de Souza e Antonio Waneir Pinheiro Lima, o Camarão, acusados do sequestro e da tortura do advogado e militante político Paulo de Tarso Celestino da Silva. Em julho de 1971, Silva foi torturado na Casa da Morte, em Petrópolis, no Rio. E depois, como aconteceu com centenas de brasileiros, desapareceu. É um caso de 1971. Vai fazer 50 anos. Só foi retomado agora pela bravura de alguns procuradores. Mas trancam tudo que é ação contra torturadores e assassinos no Brasil. Como devem trancar mais adiante a decisão de outubro da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, para que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região dê prosseguimento à ação civil pública contra três delegados de São Paulo. Aparecido Laerte Calandra, David dos Santos Araujo e Dirceu Gravina são acusados de tortura no DOI-Codi da ditadura. Também lá nos anos 70. A tentativa é de processo na área cível, com pedido de reparação às famílias. Os torturadores não pegarão cadeia por seus crimes. Mas teriam de pedir perdão aos familiares das vítimas que mataram e torturaram. Será que pedirão? Esta semana, o PT apresentou mais um pedido de impeachment contra Bolsonaro, baseado nas suas declarações sobre as torturas contra Dilma. Fez o certo como gesto político. Precisamos falar mais dos torturadores, mesmo que nada funcione aqui como funciona na Argentina e no Chile, onde eles foram condenados e presos. Até hoje condenam torturadores na Argentina. No Uruguai, na semana passada foi notícia a transferência do torturador Gilberto Vázquez da prisão domiciliar para um hospital. Vázquez está preso por crimes na ditatura uruguaia. Ele e outros cinco torturadores foram condenados no ano passado. O procurador Rodrigo Morosoli ainda tenta condenar outros criminosos. Está sob a mira dos líderes que sobraram da ditatura, como o chefe da extrema direita, o general e senador Manini Ríos. Mas Morosoli não se entrega, porque há no Uruguai (que também concedeu anistia) a chance de condenação que não existe aqui. Aqui os torturadores confessam crimes, seus admiradores exaltam os criminosos e todos ficam impunes. Aqui o crime de lesa humanidade, que vale em outras democracias, é para os criminosos da ditadura uma abstração retórica. Mas Gilmar Mendes continua advertindo que torturadores que não forem julgados hoje podem ser julgados daqui a décadas. Menos os torturadores da ditadura, protegidos por uma anistia que o Supremo referendou integralmente, com a ajuda de Mendes. Perfil do Colunista 247 Moisés Mendes Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre. https://www.brasil247.com/blog/nao-podemos-parar-de-falar-sobre-os-torturadores
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