A Tanzânia à mercê de um presidente negacionista. - Editor - OU OS DÉSPOTAS TEM MUITA LÁBIA, OU A HUMANIDADE PRECISA DE UMA VACINA FILOSÓFICA PARA DESPERTAR E ENXOTAR ESSES FASCISTAS DITATORIAIS.
A Tanzânia à mercê de um presidente negacionista
John Magufuli faz campanha contra eficácia de vacinas e omite estatísticas sobre propagação da Covid-19 no país.
19/02/2021 05h01 Atualizado há um mês
O presidente reeleito da Tanzânia, John Pombe Magufuli, segura lança e escudo depois de tomar posse para seu segundo em novembro de 2020 — Foto: Tanzania State House Press/Reuters
O presidente reeleito da Tanzânia, John Pombe Magufuli, segura lança e escudo depois de tomar posse para seu segundo em novembro de 2020 — Foto: Tanzania State House Press/Reuters
Em junho passado, o presidente John Magufuli declarou a Tanzânia livre da pandemia de Covid-19. Desde então, o país não atualiza estatísticas sobre a doença: os números estancaram em 509 casos e 21 mortos, embora os hospitais estejam abarrotados de infectados, relatados como doentes com pneumonia ou problemas respiratórios. Na saga por eliminar vestígios do vírus, o presidente desprezou o uso de máscaras, os bloqueios e o distanciamento social.
O governo age como se não houvesse pandemia. Magufuli dedica-se agora a propagar uma contundente campanha de desinformação sobre as vacinas, que ele rechaça como método de eliminar a doença. Orienta os tanzanianos a não serem cobaias e a não aceitarem os imunizantes doados à África, por serem “parte de uma conspiração do Ocidente para roubar a riqueza do continente”.
O negacionismo reflete o método de Magufuli, de 61 anos, para comandar o país. Eleito em 2015 e reeleito em outubro passado, o presidente tanzaniano relega a ciência em prol da religião e consolida o regime autoritário no culto à personalidade.
John Magufuli, presidente da Tanzânia, vota em 28 de outubro de 2020 — Foto: Stringer/Reuters
John Magufuli, presidente da Tanzânia, vota em 28 de outubro de 2020 — Foto: Stringer/Reuters
Seu governo difunde receitas caseiras -- uma bebida à base de gengibre, cebola, limão e pimenta -- para eliminar o vírus, que ele atribui ser proveniente de um demônio ocidental. Enquanto os vizinhos Quênia, Ruanda, Uganda e Malaui acirram a disputa pelas vacinas e organizam programas de distribuição, a Tanzânia deliberadamente rejeita os imunizantes.
Cristão devoto, John Magufuli contraria a Igreja Católica ao afirmar com veemência que Deus poupou o país da Covid-19. As mortes de seu secretário-chefe John Kijazi e do vice-presidente da região semiautônoma de Zanzibar, Seif Sharif Hamad, esta semana, também contradizem a narrativa do presidente.
Sem estatísticas oficiais, tanto seus 60 milhões de cidadãos quanto a OMS e os países fronteiriços -- todos afetados pela pandemia -- estão no escuro sobre a extensão da doença na Tanzânia. Como previu recentemente John Nkengasong, diretor dos Centros Africanos para Controle e Prevenção do Doenças, “não cooperar tornará a pandemia perigosa para todos.”
Embora tenha sido repreendido pela OMS pela lenta atuação, o presidente tanzaniano se mostra indiferente às críticas. Magufuli chegou ao poder com o rótulo de incorruptível. No primeiro dia de governo, saiu à caça dos funcionários fantasmas, aparecendo de surpresa no Ministério das Finanças. Dispensou centenas de servidores que constavam da folha de pagamento, mas não trabalhavam. Suspendeu viagens ao exterior e cancelou as comemorações da independência para poupar despesas.
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