Boletim 02/2021 – Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 (CEM COVID_AMB). - Editor - SE O POVO, SOUBESSE O NÚMERO EXATO DAS SUB-NOTIFICAÇÕES, SOMADOS AOS 300.000 MIL CONFIRMADOS, DE COVID 19, JAIR MESSIAS BOLSONARO, JÁ ESTARIA LONGE DE BRASILIA.
São Paulo, 23 de março de 2021
O Brasil soma 25% das mortes mundiais por Covid-19, no período de 15 a 21 de março de
2021. No planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve 60,2 mil óbitos, dos quais
15,6 mil em nosso país.
Ainda nessa semana, atingiremos outra triste marca: chegaremos a 300 mil mortes, com a
agravante de atravessarmos um quadro de curva ascendente.
Faltam medicamentos para intubação de pacientes acometidos pela Covid-19, não existe
um calendário consistente de vacinação, não há leitos em Unidades de Terapia Intensiva.
Fake news desorientam pacientes. Médicos e profissionais de saúde, exaustos, já são em
número insuficiente em diversas regiões do País.
Em meio à gravidade do quadro e a tantos outros desafios, o Comitê Extraordinário de
Monitoramento Covid-19 – CEM COVID_AMB vem a público para orientações aos pacientes de todo
o Brasil, em particular sobre a importância da prevenção, para esclarecimentos sobre condutas
aos médicos, e para conclamar as autoridades responsáveis à urgente resolução de casos que
exclusivamente delas dependem:
Boletim 02/2021
Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 (CEM COVID_AMB)
1. O Brasil deve vacinar com celeridade todos os cidadãos. Vacinação em massa é a medida
ideal para controlar a velocidade de propagação do vírus;
2. A variante P1 do Coronaviírus, que já circula em grande parte do Brasil, possui capacidade
de transmissão consideravelmente maior do que o vírus original, impondo risco adicional a
todos os brasileiros - de todas as faixas etárias, o que reforça a necessidade do isolamento
e de normativas de lockdown por regiões críticas, para conter o crescimento da curva de
casos e de mortes;
3. O isolamento social, com a menor circulação possível de pessoas, segue sendo imperioso
para conter a propagação viral, hoje agravada pela variante brasileira P1 do coronavírus;
4. Todos, sem exceção, temos de seguir à risca as medidas preventivas: uso correto de
máscara, distanciamento social, evitar aglomerações, manter o ambiente bem ventilado e
higienizando, ficar em isolamento respiratório assim que houver suspeita de Covid-19,
identificar os contactantes, higienizar frequentemente as mãos, com água e sabão ou
álcool gel a 70%.
5. São urgentes esforços políticos, diplomáticos e a utilização de normativas/leis de
excepcionalidade, para solucionar a falta de medicamentos ao atendimento emergencial
de pacientes hospitalares acometidos pela COVID-19, em especial de bloqueadores
neuromusculares, opioides e hipnóticos - indispensáveis ao processo de intubação de
doentes em fase crítica;
6. Por compromisso ético e zelando pela transparência, informamos que, na ausência destes
fármacos, não é possível oferecer atendimento adequado para salvar vidas. Uma Unidade
de Terapia Intensiva (UTI) é composta por espaço físico, equipamentos, medicamentos,
materiais e recursos humanos. A falta de qualquer desses elementos inviabiliza a execução
dos procedimentos;
7. Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina,
ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem
eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da COVID-19, quer
seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que,
portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida.
8. Aos médicos, reafirmamos que o uso de corticoides e anticoagulantes devem ser reservados
exclusivamente para pacientes hospitalizados e que precisem de oxigênio suplementar,
não devendo ser prescritos na COVID leve, conforme diversas diretrizes científicas
nacionais e internacionais. Aos pacientes com suspeita ou com COVID confirmada,
alertamos que não se automediquem, em especial não utilizem corticoides (dexametasona,
predinisona e outros); estes fármacos utilizados fora do período correto, especialmente no
início dos sintomas, podem piorar a evolução da doença. Procure atendimento médico em
uma Unidade Básica de Saúde dando preferência, se possível, à telemedicina, se apresentar
sintomas leves, como dor de garganta, tosse, dor no corpo, náuseas, perda de apetite,
perda do olfato ou paladar. Porém, se apresentar manifestações clínicas que podem
representar Covid grave, destancando falta de ar, respiração rápida (mais que 30
movimentos respiratórios por minuto), saturação de oxigênio menor que 94% ou febre
persistente por 3 dias ou mais, procure uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) ou
Serviço de Emergência;
9. A falta de vagas em UTIs e o aumento anormal da demanda por vagas de leitos fazem
urgentes também a adoção de critérios técnicos-científicos de triagem dos pacientes que
devem ocupar os leitos disponíveis, com fundamentos éticos em defesa das vidas dos
brasileiros, com diretrizes para todos os médicos do País;
10. A escassez de recursos humanos, de insumos farmacológicos e de material de apoio
transcende a simplicidade da utilização dos centros cirúrgicos como terapia intensiva. A
transformação da sala de cirurgia em UTI deve ser pontual. É uma exceção, não regra;
11. Devido ao drama vivido no Brasil, se faz ainda mais relevante o papel do Judiciário como
poder de guarda dos direitos constitucionais, entre os quais à saúde e à vida. Assim,
registramos o crédito de que os tribunais seguirão se manifestando, ao estrito cumprimento
da Lei, para garantir que todas as normas de isolamento sejam cumpridas à risca;
12. Reiteramos que o Brasil requer ações unificadas e coordenadas de combate a Covid, dos
governantes das esferas federal, estadual e municipal incluindo ações coordenadas de
todos os ministérios, e gestores públicos e privados da saúde, sem qualquer resquício de
ideologias e interesses políticos;
13. Firmamos votos especiais ao novo Ministro da Saúde. Os brasileiros almejam que vossa
gestão ecoe e se guie exclusivamente pela voz da Ciência; que seja um exemplo de
independência na implantação de políticas/medidas consistentes e necessárias à
resolubilidade e qualidade do sistema; de conduta ética; de compromisso com a melhor
Medicina; e, acima de tudo, com a saúde de todos os cidadãos.
• Antonio Carlos Lopes, Sociedade Brasileira de Clínica Médica
• Alexandre Naime Barbosa, Sociedade Brasileira de Infectologia*
• Augusto Key Karazawa Takaschima, Sociedade Brasileira de Anestesiologia
• Bruno de Lima Naves, Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
• Carlos André Uehara, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
• César Eduardo Fernandes, Associação Médica Brasileira
• Clóvis Arns da Cunha, Sociedade Brasileira de Infectologia
• Dante Mário Langhi Júnior, Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e
TerapiaCelular
• Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho, Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
• Hélio Penna Guimarães, Associação Brasileira de Medicina de Emergência
• Irma de Godoy, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
“Nós, os médicos, estaremos sempre disponíveis para ajudar; e ajudaremos.
Mas não trazemos a solução; hoje não a temos. A solução para a Covid não está
nas mãos de mais de meio milhão de médicos do Brasil. Será resultado das
atitudes responsáveis e solidárias de cada um dos cidadãos do País e das
autoridades públicas responsáveis por implantar as medidas efetivas que se
fazem necessárias para mitigar a enorme dor e sofrimento da população
brasileira.”
NÚCLEO EXECUTIVO - CEM COVID_AMB
• José Eduardo Lutaif Dolci, Associação Médica Brasileira
• José Luiz Gomes do Amaral, Associação Paulista de Medicina
• Ricardo Machado Xavier, Sociedade Brasileira de Reumatologia
• Suzana Margareth Ajeje Lobo, Associação de Medicina Intensiva Brasileira
• Zeliete Linhares Leite Zambon, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
• Consultor do Núcleo Executiv
https://amb.org.br/wp-content/uploads/2021/03/boletim-cem-covid-amb-02-2021.pdf
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