27 de ago. de 2011

A Economia Verde Em Pauta No Turismo

A Economia Verde Em Pauta No Turismo
No médio prazo, a agenda de desenvolvimento do setor de turismo deve passar, sem sombra de dúvida, pelas questões climáticas, tema amplamente debatido pela Organização Mundial do Turismo (OMT) e que volta a ocupar posição de destaque, após os debates sobre a crise financeira mundial.

Que o turismo é um dos setores econômicos com maior destaque nos mais diversos países do mundo, é inegável. Também é evidente a participação do setor na geração de riquezas e de empregos ao redor do mundo. Recentemente, matérias com foco no meio-ambiente e na sustentabilidade têm ocupado grandes pautas nos meios de comunicação, inclusive no Brasil, especialmente o ecoturismo, considerado forte no País. Desta forma, o turismo sustentável tem papel primordial no desenvolvimento, não apenas do turismo nacional, mas também, da economia como um todo.

A OMT foi pioneira na discussão do tema, aplicando os princípios do desenvolvimento sustentável no turismo em seus projetos, e o define da seguinte maneira: “O desenvolvimento do turismo sustentável atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para o futuro. É visto como um dos condutores do gerenciamento de todos os recursos, de tal forma que as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos sistemas que garantem a vida”.

A atividade turística pode, certamente, impulsionar a economia global e brasileira no curto prazo, sem perder de vista os compromissos de longo prazo da Organização, que visam ao desenvolvimento sustentável do setor. A OMT afirma que um dos estímulos ao turismo deve considerar o potencial transformador da economia verde.

Uma das grandes discussões a respeito do clima é a redução das emissões de gases poluentes. As empresas deveriam focar sua produção na utilização de energias limpas, com melhor aproveitamento da produção e racionalização do consumo. E isso requererá uma atenção especial do governo, com adoção de medidas concretas que balizem a emissão de gases poluentes, incentivem a adoção dos veículos biocombustíveis e dos híbridos e estimulem a utilização eficiente de energia elétrica nas empresas. O governo pode atuar em conjunto com o setor privado, concedendo incentivos fiscais e redução de impostos às empresas que aderirem às boas práticas verdes.

A OMT acredita que os países membros do G20 devam discutir, mais firmemente, alguns pacotes de estímulo ao turismo priorizando a economia verde. O turismo, como criador maciço de postos de trabalho e de renda, merece destaque na formulação de políticas públicas que incentivem o seu crescimento nestes países, em que pese as graves conseqüências advindas da crise. Vale salientar que o turismo representa 5% do PIB e 6% dos empregos dos países integrantes do G20. Neste mesmo grupo, a exportação de produtos turísticos gera cerca de US$ 3 bilhões por dia. Isso representa um forte mercado e um setor-chave a ser explorado. Devido ao seu efeito multiplicador, e sendo um setor que agrega diversas atividades econômicas, como transportes, alimentação fora do lar, hospedagem, dentre outros, o turismo, se incentivado corretamente, terá papel importante no processo de retomada da confiança do consumidor.

O desenvolvimento do turismo e o aumento das viagens, a negócio ou a lazer, significam empregos, investimento em infra-estrutura e renda. Estas são as diretrizes que os líderes mundiais estão enfatizando em ações coordenadas. Alguns países já começaram a desenvolver medidas de estímulo para minimizar o impacto da crise, que abateu diversas economias no ano de 2009, incluindo incentivos fiscais para empresas adeptas da nova economia verde e maiores investimentos em marketing. Na visão da OMT, os países que ainda não adotaram tais medidas, devem se basear nos demais e seguir o bom exemplo.

A indústria do turismo, incluindo os transportes, os serviços de hospitalidade e de viagens, está se preocupando, cada vez mais, em debater o assunto e levantar soluções às mudanças climáticas. As emissões de gás carbono deste setor correspondem a 5% do total de gases emitidos. Apesar do número significativo, o setor possui a peculiaridade da possibilidade imediata de realização de manobras que minimizem tal problema, como a adoção e adaptação de novas tecnologias.

Para tanto, faz-se necessário o apoio governamental junto ao trade, para que os novos investimentos no setor já sejam realizados levando em consideração as boas práticas da economia verde. Os investimentos realizados pelas empresas e pelo governo como forma de adaptação à nova realidade mundial, da economia verde, retornarão às empresas como forma de imagem positiva ao mercado, chamando a atenção de consumidores cada vez mais atentos aos problemas do meio-ambiente. As soluções para eficiência energética em hotéis e a ampliação da frota de veículos biocombustíveis utilizados no transporte de turistas devem começar a integrar os cronogramas de investimentos das empresas.

De acordo com estudos da OMT, o setor hoteleiro mundial é responsável pela emissão de um quinto de CO2 do total das atividades características do turismo. Apesar disto, seu potencial para economia de energia é o maior dentre outras atividades, chegando a 30%, enquanto no setor de transportes é de 26%. Isso se deve ao fato do setor hoteleiro ser um dos segmentos mais intensivos em energia da indústria do turismo. A redução de custos advinda da eficiência energética implantada nos hotéis poderá ser revertida em investimentos que fomentem ainda mais a atividade dos mesmos. Atualmente, o uso de energias renováveis no setor encontra-se bem abaixo do potencial de mercado, e a competitividade e sustentabilidade do setor são coibidas pelo uso de tecnologias obsoletas.

Atenta a esta nova realidade, e vislumbrando atingir um maior número de países, a OMT enviou uma carta aberta a 155 países, sugerindo que considerassem o turismo um setor primordial durante este período de crise e no período posterior, o que irá proporcionar receitas de exportação para os países mais pobres e melhorar os resultados de fornecedores das companhias aéreas, que na sua maioria são dos países pertencentes ao grupo dos G20. Desta forma, a Organização acredita que se houver uma cooperação dos países integrantes do G20 para o desenvolvimento do turismo, será dado um grande passo para que a economia global volte a crescer, já que o turismo cria emprego, fomenta o investimento em infra-estrutura, aquece o comércio e gera desenvolvimento.

Assim, como recomendações, a OMT preconiza ações de fomento do comércio internacional, regulação simplificada, construção de infra-estrutura e racionalização de impostos, medidas que incitam as empresas a investir e inovar. Quanto ao papel do turismo na mudança para uma economia verde, é um papel de liderança, segundo a OMT, e o setor está empenhado em responder às mudanças climáticas.
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