O buraco onde o Brasil foi parar
Com uma recessão de provocar depressão e um presidente que é ignorado e acabou com as relações exteriores, o Brasil sofre ainda com um Judiciário nada confiável.
Eu acho que a esta altura é desnecessário falar do buraco do Henrique Meirelles. Quero dizer, o buraco que o Henrique Meirelles e o Michel Temer deixaram no orçamento. A maneira como este país está quebrado, numa recessão brutal, enfim.
Mas eu li dia desses na coluna da Mônica Bergamo, que você pode concordar ou discordar com algumas posições dela, mas é uma coluna séria, coisa rara no jornalismo brasileiro hoje, principalmente na Folha de S.Paulo.
A Mônica revela – dados oficiais – que o Brasil tem 1.900.000 empresas, de tudo o que é tamanho, as chamadas pessoas jurídicas. Eu, por exemplo, sou uma empresa, imagine. Pois bem, desse milhão e 900 mil empresas, pessoas jurídicas, oito mil devem 670 bilhões de reais ao Tesouro Nacional, 670 bilhões de reais. Essas oito mil empresas são responsáveis por esse rombo incrível.
E também na mesma coluna eu vi que, das pessoas físicas que pagam imposto de renda, duas mil, duas mil, sei lá quantos por cento, nada por cento do total, devem 44 bilhões de reais.
Alguém mexe com isso? Alguém vai atrás dessa dívida? Imagina, se eu dever, sei lá, quatro mil reais no banco, amanheço com um banqueiro aqui na minha porta. Aqui a gente tem mais de 700 bilhões de dívidas entre pessoas físicas e pessoas jurídicas para o Tesouro Nacional.
Imagina, não há Meirelles capaz de provocar um buraco desses. Alguém faz alguma coisas? Vão mexer na Previdência. Vão privatizar coisas. Enfim, vamos deixar a economia de lado que é para eu não me deprimir, para não me aborrecer.
Vamos falar de política externa. Política externa, de um ano para cá, virou uma coisa fabulosa, fantástica.
Depois que o Temer foi a Moscou se reunir com empresários soviéticos, estando ele na Noruega foi jantar com o rei da Suécia, depois de o Temer ter elogiado Portugal enquanto recebia o presidente do Paraguai, agora, esse garotão fabuloso, eu me divirto demais com ele. João Doria. Imagina, João Doria. João Doria, que está em campanha pelo Brasil inteiro, como todo mundo sabe. Ele é muito esperado em alguns lugares, ele é esperado em São Paulo, de onde ele é prefeito. Mas cá para nós, o Brasil do jeito que está não há nada melhor do que ir a Paris. E ele foi a Paris.
Em Paris, ele anunciou um almoço, sábado, sei lá, retrasado, com o primeiro-ministro Edouard Philippe. Poxa, que coisa importante. O prefeito de São Paulo vai a Paris, e vai almoçar nada menos que o primeiro-ministro francês. Ele esqueceu um detalhe, de avisar o primeiro-ministro francês, que não só não almoçou com ele como nem estava em Paris. Com quem será que esse coitado desse embusteiro, esse marqueteiro de si mesmo, almoçou? Coitadinho.
Mas, enfim, almoçar em Paris, claro, sem estar com o João Doria, a companhia dele estraga qualquer coisa, até que não é tão ruim assim.
Vamos voltar para o Michel Temer. Ele foi para a China, caramba. Ele ficou ameaçando voltar. Porque a denúncia do Janot que ia sair, não saiu.
O que é que o Temer foi fazer na China? Bom, oficialmente, participar da reunião dos BRIC. Aquilo que o primeiro chanceler dele, o José Serra, não sabia dizer quais eram os países da sigla, que é Brasil, Rússia, Índia, China – e o Serra achava que era Chile. Sonho dos chilenos, mas não, é a China. E o S, que é South Africa, África do Sul, que ele ficou em dúvida entre Suécia, Salamanca, Suíça, vai saber.
Eu acho ótimo quando o Temer viaja assim porque é sempre bom ter o Temer longe, fora. E não acontece rigorosamente nada porque ele é olimpicamente desprezado, ignorado. Ninguém chega perto. O isolamento do Brasil, caramba.
Bom, vamos falar de um terceiro assunto: juízes. Sabe quanto é a média do salário de um juiz, entre penduricalhos? Porque juízes têm coisas fabulosas, por exemplo, auxílio-moradia. Então o cara ele mora na cidade, ele trabalha na cidade, ele tem um imóvel nesta cidade dele, e tem auxílio-moradia. E se ele for casado com uma outra juíza, os dois têm auxílio moradia para a mesma casa.
Eu lamento até hoje não ter sido juiz, não ter sido casado com uma juíza, porque já imaginou? Só de auxílio moradia nós dois íamos levar, sei lá, nove mil reais por mês. Caramba. Dá para comprar um apartamento a cada cinco anos, pagando uma prestação legal.
Muito bem. Cada juiz deste país ganha em média ganha quarenta e sete mil reais, que é muito superior ao teto constitucional. Claro que alguns juízes em alguns meses chegam a ganhar noventa, cem, cento e tanto, vem penduricalho daqui, vem dali. Uma bandalheira total.
Sérgio Moro, por exemplo, paladino da moralidade, além de ter uma esposa devota, que recebia grana de um doleiro, ela e o sócio, segundo justificativa, era para providenciar cópia de um documento. Caramba, o office boy mais caro da história, né? Office boy, imagina. Muito bem, teve mês que o paladino da moralidade ganhou 100 mil, 130, 140, 150.
Esses juízes, portanto, a gente está na mão deles. Começam rompendo o teto constitucional do salário. Como confiar num deles? Mas, ainda assim, tem uns que nos surpreendem. Por exemplo, tem um camarada de nome pomposo, paulista, paulistano, vou até ler porque não dá para decorar. José Eugênio do Amaral Souza, com Z, como correspondente, José Eugênio do Amaral Souza Neto. Por que mencionar esse magistrado, meritíssimo?
Porque para ele, um camarada que, em um ônibus se masturba e ejacula no ombro de uma moça que está sentada não cometeu nenhuma violência ou nenhum constrangimento. E aí libertou o cara.
Como é que será esse juiz com a esposa dele? Como é que será esse juiz com a filha dele? O que é que será constrangimento? Imagine alguém ejacular no pescoço da filha do juiz ou da sua amantíssima esposa? Qual seria a reação dele? Não houve constrangimento, não houve violência.
Deus do céu. Deus do céu. Está difícil. Eu me sinto constrangido de mencionar o nome do meritíssimo José Eugênio do Amaral Souza, com Z, Neto. Eu me sinto constrangido.
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