22 de out. de 2017

A exposição de um gênio catalão em Buenos Aires, por Verónica Abdala Joan Miró Malba


A exposição de um gênio catalão em Buenos Aires


Uma série de obras de Joan Miró, de cores vibrantes e figuras de traços simples, expostas na capital argentina.


A exposição de um gênio catalão em Buenos Aires
A partir do 25 de outubro, será possível ver de perto parte da produção do gênio catalão no Malba.










A exposição de um gênio catalão em Buenos Aires
São 50 obras que pertencem à coleção permanente do Museu Reina Sofia, de Madri.

A partir do 25 de outubro, será possível ver de perto parte da produção mais comemorada do gênio catalão, na exposição “Miró último (1963-1983): a experiência de olhar”, no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA).
São 50 obras - 18 pinturas, 6 desenhos, 26 esculturas -, que pertencem à coleção permanente do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, de Madri.
A iniciativa faz parte do acordo de colaboração assinado em 2016 pelos dois museus. “Esta é a primeira ação do acordo, destinado a desenvolver projetos conjuntos”, disse ao Clarín o diretor do MNBA, Andrés Duprat.
O investimento argentino foi de 700.000 euros, destinados a gastos de deslocamentos das obras, seguros e logística. O montante foi pago em parte pelo Estado e em parte pela Associação Amigos do Museu Nacional de Belas Artes.
Esta exposição reunirá a produção dos últimos anos do artista, em que criou suas obras mais rupturistas, após submeter-se a um processo de introspecção definitivo. Neste sentido, a exposição pode ser lida como a síntese ou o epílogo da carreira de um dos artistas de referência da arte do século 20.

A exposição de um gênio catalão em Buenos Aires
O investimento argentino foi de 700.000 euros, destinados a gastos de deslocamentos das obras, seguros e logística.

Durante os últimas vinte anos de sua vida, Miró (Barcelona 1893 - Palma de Mallorca 1983) realizou uma guinada decisiva em sua técnica de trabalho, orientada à simplificação máxima das formas plásticas – na pintura e na escultura - o que, paradoxalmente, permitiu que atingisse o máximo de significação, baseada da consciência do ato criador.
Carmen Fernández Aparicio e Belén Galán, as curadoras da série, são as autoras do texto que acompanha esta exposição. Elas detalham que as peças que serão expostas datam de um período-chave - 1963 e 1983 -, quando o pintor encarou sua obra com a decisão de explorar a aprendizagem de uma vida inteira, com um sentido de máxima liberdade e domínio dos meios de expressão.
Decidido a ampliar ainda mais seus próprios limites, Miró realizou uma renovação de sua técnica que foi materializada na utilização de fundos e suportes, no enriquecimento dos sinais plásticos e na abordagem de formatos grandes.
“Toda sua obra anterior está de alguma maneira sintetizada nestas obras da maturidade”, disse Duprat. “Miró é um artista que, com sua simplicidade, com sua abertura a uma dimensão que prescinde de delimitações de sentido, nada nas areias do mito com liberdade absoluta. Por essa razão, sua última obra, que constitui esta exposição, pode ser considerada mais como um gesto do que como a formulação de uma tese sobre o mundo. O que há nele são perguntas, esgrimidas sobre a tela com traços simples, às quais se soma uma incógnita impossível de responder, mas não menos eloquente.”

A exposição de um gênio catalão em Buenos Aires
As pinturas e as esculturas que serão expostas em Buenos Aires denotam então uma linguagem profundamente pessoal.
A década de 1960, que inicia o percurso cronológico desta exposição, começa quando Miró, que havia passado por um período de certa inatividade pictórica, visita a revisão pública de sua trajetória, na exposição monográfica de 1959 no Museu de Arte Moderna de Nova York e na primeira grande retrospectiva em Paris, no começo de 1962. Uma revisão pública que foi paralela a uma revisão íntima de sua própria produção, realizada a partir de 1956, quando conseguiu reunir toda sua obra na casa-ateliê de Mallorca e se enfrentou fisicamente a uma obra guardada desde a época da guerra (nesse lugar a morte o encontraria, quase trinta anos mais tarde, já afastado do turbilhão artístico).
Como resultado dessa espécie de visão panorâmica realizada com um olhar crítico, Miró optou por “uma mudança essencial”.
“O deslocamento para o ateliê-casa que reúne pela primeira vez no mesmo espaço a totalidade de sua produção anterior, oferece ao artista a possibilidade de revisar e redefinir, diretamente, toda sua obra. Isso faz com que, dali em diante, seu trabalho se alimente da releitura de sua experiência plástica e o resultado seja a ruptura com a hierarquização dos sinais artísticos e a absoluta liberdade expressiva”, dizem as curadoras no texto que acompanha a exposição.
As pinturas e as esculturas que serão expostas em Buenos Aires denotam então uma linguagem profundamente pessoal: o artista parte de um motivo casual ou fortuito, que pode ser uma mancha, uma gota, uma pegada, um objeto encontrado ou um elemento da natureza, e depois recria a natureza e a figura humana.
A exposição também mostra esculturas que unificam figura e cosmos e outras que Miró compunha a partir de objetos que encontrava jogados na rua. E figuras mitológicas que parecem desconectadas de qualquer contexto, em um impulso que aspira a representar também o despojamento e o vazio.

A exposição de um gênio catalão em Buenos Aires
Esta exposição reunirá a produção dos últimos anos do artista, em que criou suas obras mais rupturistas, após submeter-se a um processo de introspecção definitivo.
“A maioria destas obras encadeadas pelo mistério da analogia mostram personagens abstratos dos quais foi deliberadamente subtraído o drama que os habita”, define o texto curador. “Essas figuras mitológicas foram despojadas de relato; elas ficam suspensas em um instante de perigo onde sua mais plena fragilidade visual as coloca à beira da desaparição. Abre-se, assim, a possibilidade de nos interrogarmos pelo próprio ato de olhar”.
https://www.clarin.com/clarin-em-portugues/destaque/exposi-ao-um-genio-catalao-em-buenos-aires_0_rynpRNz6Z.html
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