17 de fev. de 2018

DESTERRITORIALIZAÇÃO E R-EXISTÊNCIA TUPINIQUIM: MULHERES INDÍGENAS E O COMPLEXO AGROINDUSTRIAL DA ARACRUZ CELULOSE Gilsa Helena Barcellos . Texto completo da tese - http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/MPBB-7MDM33/gilsa_compacta.pdf?sequence=1 - Editor - CADA EUCALIPTO PLANTADO É UMA PUNHALADA NA TERRA

Universidade Federal de Minas Gerais Departamento de Geografia DESTERRITORIALIZAÇÃO E R-EXISTÊNCIA TUPINIQUIM: MULHERES INDÍGENAS E O COMPLEXO AGROINDUSTRIAL DA ARACRUZ CELULOSE Minas Gerais - Brasil 2008 Gilsa Helena Barcellos DESTERRITORIALIZAÇÃO E R-EXISTÊNCIA TUPINIQUIM: MULHERES INDÍGENAS E O COMPLEXO AGROINDUSTRIAL DA ARACRUZ CELULOSE Tese apresentada ao Programa de PósGraduação do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Geografia. Área de Concentração: Organização do Espaço. Orientador: Prof. Dr. Cássio Eduardo Viana Hissa. Belo Horizonte Departamento de Geografia da UFMG 2008 B242d 2008 Barcellos, Gilsa Helena. Desterritorialização e r-existência Tupiniquim: mulheres indígenas e o complexo agroindustrial da Aracruz Celulose [manuscrito] / Gilsa Helena Barcellos. – 2008. 424 f.: il. mapas, fots, gráfs. color; enc. Orientador: Cássio Eduardo Viana Hissa. Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Geociências, 2008. Área de concentração: Organização do Espaço. Bibliografia: f. 386-424. 1. Índios da América do Sul – Mullheres – Teses. 2. Meio ambiente – Espírito Santo – Teses. 3. Colônias – Teses. 4. Territorialidade humana – Teses. 5. Desenvolvimento econômico – Teses. I. Hissa, Cássio Eduardo Viana. II. Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Geociências, Departamento de Geografia. III.Título. CDU: 397(=98):396 Dedico este estudo às mulheres indígenas Tupiniquim. AGRADECIMENTOS A muitas e muitos tenho o que agradecer. Às mulheres indígenas, portadoras de saberes ricos, dos quais pude partilhar um pouco; que tiveram paciência comigo e foram muito solidárias todo o tempo da pesquisa. Aos índios Tupiniquim que, por muitas vezes, adentraram comigo o eucaliptal para a realização do trabalho de campo. Ao meu companheiro Winnie, que contribuiu em todos os sentidos e em todas as horas para a escrita da tese. Ao meu querido orientador, Cássio, que foi imprescindível para que a pesquisa e a tese se realizassem; com quem aprendi muito, sobretudo o compromisso que a ciência e a academia devem ter com a produção de um saber engajado, implicado na transformação do mundo. Ao professor Boaventura de Sousa Santos que, na condição de co-orientador, no “doutorado-sanduíche”, colaborou para que eu tivesse acesso a conteúdos que foram importantes para a escrita da tese. Ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, que me oportunizou novos e ricos aprendizados; que me possibilitou encontros com professores e colegas maravilhosos. Ao Programa Bolsa da Fundação Ford, que contribuiu com uma importante logística para que eu pudesse fazer a pós-graduação, particularmente para a viabilização do “doutorado sanduíche”. A CAPES, que contribuiu com uma bolsa no último ano de estudo. Ao meu filho André e aos meus pais que, por diversos momentos, tiveram que abrir mão da minha presença nesses últimos quatro anos. Às minhas companheiras geógrafas e integrantes da Rede Alerta Contra o Deserto Verde, Marilda Maracci e Simone Ferreira, que muito contribuíram para a elaboração deste estudo. Às minhas companheiras do Fórum de Mulheres, com quem tenho aprendido muito, que muito me apoiaram e compreenderam a necessidade de meu afastamento nesse último período. Ao meu querido amigo feminista e eterno professor, Thimóteo Camacho. Que venham e vejam os homens, as mulheres e os meninos que sabem viver e têm uma alegria que também não puderam matar os que pretendiam ensinar outras nações como viver. (ACHEBE, 1960, p. 45, tradução nossa) RESUMO A modernidade ocidental somada a outras formas de dominação (colonialismo, capitalismo, projeto hegemônico de desenvolvimento, neoliberalismo, globalização hegemônica) alteram profundamente a relação da humanidade com o ambiente e transformam a natureza em fonte inesgotável de matéria-prima. A obsessão pelo controle da natureza e pelo acúmulo de riquezas tem destruído, ao longo da história, fontes de subsistência e sistemas culturais de diversas populações locais em países do Sul. Ao mesmo tempo, criam-se novas formas de dominação e reelaboram-se as já existentes. Criam-se modelos de desenvolvimento e de “subdesenvolvimento”. Estabelecem-se padrões “ideais” de produção e consumo. A relação de dominação Norte x Sul se reproduz dentro do Sul e do Norte, ou seja, criam-se muitos nortes dentro do Sul e suis dentro do Norte. A crise ambiental surge como uma denúncia do esgotamento dos “recursos naturais” do planeta, porém novas estratégias tecnológicas e político-institucionais são encontradas pelo capital para ampliar a capacidade de exploração dos “recursos naturais”. Os pobres e as mulheres são responsabilizados pelo aumento populacional, indicado pelos especialistas do meio ambiente e do desenvolvimento como a principal ameaça à segurança ambiental do planeta; as mulheres dos países do Sul são alvo de políticas de controle da natalidade dos Estados Unidos nos anos de 1970. Com o discurso de combate à pobreza, populações do Sul são conectadas ao projeto de desenvolvimento. A partir de então, vivenciam rupturas jamais imaginadas. No Espírito Santo, a conexão das populações indígenas ao chamado projeto de desenvolvimento pela industrialização é devastadora, porque leva essas populações a perderem os seus territórios (restrição territorial) feitos de biodiversidade e cultura. A chegada da Aracruz Celulose S.A. ao território indígena dá início ao quarto ciclo de perdas territoriais Tupiniquim; o processo de desterritorialização e reterritorialização erode o modo de vida indígena. As mulheres, portadoras de saberes imprescindíveis à vida do seu povo, se vêem expropriadas das fontes materiais e simbólicas que permitiam a construção e a reprodução desses saberes: agricultoras, coletoras e artesãs são transformadas em subempregadas. A nova conformação territorial fragiliza o papel e o poder da mulher na sociedade Tupiniquim. Diante de uma realidade tão complexa, essa população reafirma a importância do lugar como foco de resistência ao projeto hegemônico global e trava, há quarenta anos, uma luta incansável pela recuperação territorial. Muitas batalhas e alianças são feitas. Nesse sentido, a Rede Alerta Contra o Deserto Verde constitui-se num instrumento estratégico, porque ajuda a consolidar uma gama de apoio local, nacional e internacional à luta indígena, que assume uma dimensão cosmopolita. As mulheres não abrem mão de se somarem à luta pela terra por meio de uma organização específica. Forjam a Comissão de Mulheres Indígenas Tupinikim e Guarani, que constitui um espaço de elaboração de estratégias e de fortalecimento dos laços entre as mulheres. Dessa forma, os Tupiniquim vão construindo a sua história de r-existência, dando uma importante contribuição ao movimento contra a globalização hegemônica. PALAVRAS-CHAVE: mulheres, meio ambiente, colonialismo, desenvolvimento econômico, território, lugar.

Texto completo
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/MPBB-7MDM33/gilsa_compacta.pdf?sequence=1 - sçao 426 páginas
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