Só estrangeiros exploram a mineração de lítio no Brasil
Acredite se puder / 14 Fevereiro 2018
Por causa do aumento da produção de carros elétricos, o lítio que é muito utilizado na fabricação de baterias desses veículos, chamado de “petróleo branco”. As maiores jazidas mundias se encontram no Chile, na região de Atacama, na Argentina e na Bolívia. O projeto de Avaliação do Potencial do Lítio no Brasil, coordenado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), mostra que o país teve um salto substancial na participação das reservas mundiais, passando de 0,5%, para 8%. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, no mundo existem jazidas com mais de 14 milhões de toneladas de mineral. A área piloto do projeto de mapeamento de lítio no Brasil é no médio Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Com um total de 17.750 quilômetros quadrados, foram encontradas 45 ocorrências da substância, sendo 20 inéditas. Na região estão empresas como a Companhia Brasileira de Lítio (BLC), Sigma Mineração e Falcon Metais.
O interessante é como funciona o comando acionário das empresas que participam do setor. Por exemplo: a Sigma Lithium Resources, empresa canadense que ainda vai iniciar suas operações no Brasil, está se preparando para abrir capital em março em Toronto. A empresa quer levantar recursos para iniciar produção de lítio. A companhia, no entanto, planeja uma aquisição reversa, que tem a sigla de RTO, em inglês, que é um processo para a listagem de ações nas quais uma empresa privada compra uma empresa de capital aberto, evitando as taxas associadas a uma oferta pública inicial. A Sigma quer arrecadar inicialmente de C$ 25 milhões (US$ 20 milhões) a C$ 30 milhões, num total de C$ 85 milhões neste ano, como parte de um plano para começar a produção em 2019. A empresa procura se beneficiar dos preços recordes causados pela crescente demanda de baterias de lítio-íon usadas em veículos elétricos. Os preços podem começar a diminuir em alguns anos, depois que a Soc. Química & Minera do Chile obteve aval em janeiro para ampliar a produção. Com a alta demanda por carros elétricos, há uma escassez de lítio. Tal distorção poderá ser corrigida entre 2023 e 2024, quando a produção chilena for elevada.
Atualmente, 80% da Sigma é da empresa brasileira de investimentos A-10, com executivos da Sigma proprietários do resto. Após a aquisição reversa, a A-10 provavelmente manterá 65%, os executivos da Sigma, 10%, e um grupo canadense que já comprou debêntures teria 8%. Segundo Calvyn Gardner, representante de um fundo de investimentos inglês e que busca novas oportunidades de negócios no Brasil, seu grupo investirá US$ 40 milhões para colocar uma planta industrial em operação para produzir 60 mil toneladas por ano. “Passamos vários anos testando várias áreas. Se esse estudo estivesse pronto quando chegamos, certamente, não teríamos demorado tanto a descobrir uma com potencial”, afirmou.
Operação complicada
Em 2016, a Emerita Resources, empresa espanhola listada na Bolsa de Valores de Toronto, fechou acordo com a brasileira Falcon Metais para adquirir 100% de um projeto de lítio próximo às cidades de Araçuaí (MG) e Itinga (MG). O ativo está 500 metros distante da mina da Companhia Brasileira de Lítio (CBL). A operação é meio complicada, pois a opção adquirida pela Emerita vale até 13 de junho de 2018. A mineradora da Espanha emitiu para a Falcon 500 mil ações ordinárias, por 15 centavos de dólar canadense cada. Caso a Emerita exerça a opção de compra para adquirir o projeto de lítio em Minas Gerais, a Falcon terá direito a ficar com um royalty do tipo net smelter return de 2% sobre todas as futuras vendas comerciais do empreendimento. Se a estimativa inicial de recursos minerais do projeto, com base no NI 43-101, apontar, pelo menos, 20 milhões de toneladas com teor de, no mínimo, 1,3% de LiO2, a mineradora espanhola terá que pagar 5 milhões de dólares canadenses, cerca de US$ 3,92 milhões, para a Falcon. Esse valor poderá ser pago em dinheiro ou em ações ordinárias, com preço e volume de papéis a serem definidos. A Emerita foi fundada me 2012 e tem sede na cidade de Sevilha. A Falcon Metais tem 113 direitos minerários que variam para minério de lítio, fosfato, sais de potássio, minério de ferro, ouro e metais do grupo da platina em Goiás, Minas Gerais e Amazonas.
https://monitordigital.com.br/s-estrangeiros-exploram-a-minera-o-de-l-tio-no-brasil
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