22 de mar. de 2019

A Autoridade Palestina, sob a cerca financeira dos Estados Unidos e Israel

2019 · 03 · 22

A Autoridade Palestina, sob a cerca financeira dos Estados Unidos e Israel

A Autoridade Palestina está passando por uma profunda crise financeira devido à drástica redução da ajuda dos EUA e às represálias israelenses, que temem uma perda de estabilidade na Cisjordânia ocupada.

Palestinos queimam retratos do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e do presidente dos EUA, Donald Trump, em Belém, na Cisjordânia, em 19 de fevereiro de 2019. (afp_tickers)
Em 10 de março, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, anunciou uma série de medidas de emergência, como o corte do salário de muitos funcionários.
Estados Unidos abolida em 2018 mais de 500 milhões de dólares (440 milhões de euros) da ajuda vai parar a Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), para diversos programas de assistência e, em menor grau, o orçamento da Autoridade Palestina.
Tijerazo uma punição para a decisão palestina de congelar os contatos com o governo dos EUA, que acusam de aplicar uma política pró-israelense, especialmente depois de Washington reconhecer unilateralmente Jerusalém como capital de Israel, em Dezembro de 2017.
Em 17 de fevereiro, após o estupro e o assassinato de um israelense nas mãos de um palestino, o governo israelense anunciou que vai congelar cerca de 10 milhões de dólares (quase 9 milhões de euros) a cada mês devido à Autoridade Palestina.
Esta soma vem do item que Israel mantém para o IVA e os direitos aduaneiros que cobra pelos produtos importados pelos palestinos. Nos termos dos acordos de paz, deve ser pago à Autoridade Palestina.
Na realidade, Israel alega que não retém o valor total, mas deduz o dinheiro que é dado às famílias de palestinos presos ou mortos por terem cometido ataques contra Israel. A Autoridade Palestina considera um assalto.
Uma situação explosiva
Os 190 milhões de dólares recolhidos mensalmente por Israel para o IVA e os direitos aduaneiros constituem mais de 50% do rendimento mensal da Autoridade Palestiniana. O resto vem de taxas locais e ajuda externa.
A Autoridade Palestina agravou a situação ao anunciar em janeiro que rejeitaria toda a ajuda dos EUA por temer problemas legais como resultado de uma nova legislação nos Estados Unidos contra o apoio ao terrorismo.
"Se a situação económica continua difícil ea Autoridade Palestina incapaz de pagar salários e prestação de serviços em um contexto de expansão dos assentamentos (israelenses) e judaização de Jerusalém, isso vai levar a uma explosão", diz o analista Jihad Harb.
O ministro das Finanças da Palestina, Chukri Bichara, reconheceu ter sido forçado a "adotar um orçamento de emergência, que inclui medidas de austeridade limitadas".
Funcionários do governo cujo salário excede 2.000 secadores (490 euros, 553 dólares) por mês cobram metade até novas encomendas.
Pelo contrário, o pagamento aos prisioneiros, considerado por muitos palestinos como heróis da luta contra a ocupação israelense, continuará, acrescentou o ministro. Israel considera que isso encoraja a violência.
A economia palestina é completamente dependente de Israel, lembra Naser Abdel Karim, professor de economia em Ramallah, a sede da Autoridade Palestina na Cisjordânia.
Um aglomerado de decisões
Israel ocupa desde 1967 a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, a parte palestina da Cidade Santa que a anexou em 1981, e impõe um bloqueio estrito em Gaza. A Autoridade Palestina exerce poder limitado sobre algumas partes da Cisjordânia.
Crises financeiras "são repetidas e desaparecem dependendo de como a relação entre Israel e a Autoridade Palestina evolui ou dos países que apóiam" a última, explica Naser Abdel Karim à AFP.
As medidas de austeridade anunciadas são semelhantes às adotadas em 2012, quando Israel reteve algumas das taxas depois que os palestinos tentaram fazer com que a ONU reconhecesse um Estado palestino.
O orçamento da Autoridade Palestina já era deficitário "mas o problema é a falta de liquidez devido às medidas israelenses", diz o jornalista Jafar Sedqa.
Essa crise financeira é diferente das demais "porque resulta de um conjunto de decisões políticas por parte dos Estados Unidos", acrescenta.
O presidente palestino nomeou um novo primeiro-ministro que deve formar um governo, mas analistas não prevêem nenhuma melhora até que uma solução política para o conflito com Israel seja encontrada.
Segundo Abdel Karim, a crise pode piorar dependendo do resultado das eleições em Israel, marcadas para abril.
http://www.palestinalibre.org/articulo.php?a=72198
Fonte: Agência AFP
Share:

Related Posts:

0 comentários:

Postar um comentário