12 de mai. de 2019

Como a linda Adélia Batista Xavier, morta na Cracolândia, de vítima transformou-se em bandida. - Editor - NÃO EXISTE MAIS POLICIAMENTO. HOJE É "ATIRAMENTO". PSDB NO PODER É O QUE DÁ. LEGADO EXPLÍCITO DA BRUTALIDADE DA DITADURA DE 1964

Como a linda Adélia Batista Xavier, morta na Cracolândia, de vítima transformou-se em bandida

Quem ainda acredita nessa história de confronto entre polícia e bandidos em que só um lado morre?

Adélia Batista Xavier, 30 anos, que a polícia quer transformar em perigosa bandidona da Cracolândia
Adélia Batista Xavier, 30 anos, que a polícia quer transformar em perigosa bandidona da Cracolândia
CRACOLÂNDIA, SP: O corpo de Adélia Batista Xavier tombou por volta das 14h30 da quinta-feira (9/5), bem na frente do terreno que era a sede do Projeto Braços Abertos, que já foi considerado internacionalmente como um dos mais eficazes projetos de ressocialização de dependentes químicos. Adélia morreu na véspera de completar 31 anos com um disparo de arma de fogo que atravessou o seu cérebro, depois de entrar pela têmpora esquerda. Ela permaneceu mais de 30 minutos emborcada no chão, o sangue escorrendo abundantemente pelo buraco da bala.
Adélia Batista Xavier ficou quase uma hora sem socorro, sangrando no chão da Cracolândia
Adélia Batista Xavier ficou quase uma hora sem socorro, sangrando no chão da Cracolândia
Guarda Civil Metropolitana não permitiu a nenhum morador se aproximar de Adélia, para socorrê-la. Samu e Corpo de Bombeiros tampouco conseguiam chegar até onde ela estava, porque todas as ruas da região da Cracolândia estavam tomadas por tropas da GCM e da PM, que bloqueavam o trânsito. Adélia só foi dar entrada na Santa Casa de Misericórdia, vizinha à Cracolândia, às 15h30. Em estado desesperador.
O inspetor Ferreira, que comandava a GCM, quis colocar a culpa pelo disparo contra Adélia nos próprios moradores da Cracolândia. Para isso, disse que seus homens atuaram naquele dia apenas usando armamento não-letal. Mentira, como Jornalistas Livresprovaram, mostrando fotos da ação em que aparecem agentes da GCM ameaçando moradores com suas pistolas.
Foi assim que, em depoimento prestado posteriormente no 77º DP (vizinho à Cracolândia), três guardas civis metropolitanos se apresentaram ao delegado Milton Coccaro e admitiram terem disparado com armas de fogo. Disseram, porém, que o fizeram em retaliação a ataque anterior por parte de traficantes.
É sempre assim nas histórias de “confrontos” narrados pelas tropas de segurança. A GCM diz ter sido atacada com tiros de arma de fogo por traficantes, mas nenhum agente foi ferido a bala. Por uma incrível coincidência, em quase todos os confrontos, só um lado sai ferido.
Eis que, de repente, surge a mais nova versão sobre a morte de Adélia. Segundo a polícia, Adélia seria chefe do PCC na Cracolândia e atuaria como “organizadora da disciplina dos demais traficantes, que estavam sob sua subordinação”. A nova “história” sai em toda a grande mídia, que já embarcou também na narrativa do “confronto”… Jornalistas Livres entrevistaram moradores da área, gente que conhecia Adélia. Todos admitiram que a moça era dependente de crack e álcool, mas TODOS rejeitaram liminarmente a acusação da polícia sobre o suposto envolvimento de Adélia com o crime organizado.
Mas isso pouco importa para essa imprensa chapa branca, que não terá nem mesmo o trabalho de “ouvir o lado da vítima”, já que esse lado está no necrotério, numa geladeira, com um buraco na cabeça. E, assim, a moça, de vítima transformou-se em bandidona da pesada. Vergonha.
Vergonha. Podemos dormir tranquilos até a próxima tragédia na Cracolândia.
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