Por 49% a 33%, argentinos dizem não a arrocho de Macri
Por Hora do Povo Publicado em 12 de agosto de 2019

“A partir de amanhã todos vamos trabalhar por uma nova Argentina, vamos fazer um país que todos merecemos”, afirmou Alberto Fernández ao anunciar a vitória - France 24
A chapa de oposição composta pelos peronistas Alberto Fernández e Cristina Kirchner teve uma vitória arrasadora sobre o arrocho e desemprego de Macri nas eleições Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO) realizadas no domingo, 11, com uma percentagem de 49,2% contra 33,1%, 16 pontos de diferença
A derrota do presidente que se orgulha de sua amizade com Jair Bolsonaro ocorre em um momento em que aumentam os protestos nas ruas argentinas contra o desemprego, as demissões, a pobreza e a fome provocados pelo seu governo.
As PASO foram criadas pelo ex-presidente Néstor Kirchner em 2009. Nas Primárias se definem basicamente duas questões: quais partidos estão habilitados a disputar as eleições nacionais, que segundo a lei são aqueles que obtenham pelo menos 1,5 % dos votos. E também fica definida a chapa que representará a cada partido político.
“A amplitude do resultado, que não tinha sido apontado por nenhuma pesquisa, coloca o candidato presidencial da Frente de Todos como um quase seguro vencedor no primeiro turno das eleições de 27 de outubro se não acontecer alguma catástrofe”, assinalou o jornal Página 12.
O candidato Alberto Fernández, que foi chefe de Gabinete nos governos de Néstor Kirchner e de Cristina, agradeceu sua companheira de chapa, a quem destacou por sua generosidade e sua capacidade de estadista; assim como por seu compromisso com a unidade do peronismo, comportamento chave para a vitória. “A partir de amanhã todos vamos trabalhar por uma nova Argentina, vamos fazer um país que todos merecemos”, afirmou.
“Na Argentina devemos estar unidos e integrados. Não podemos viver felizes sabendo que há crianças com fome”, assinalou e se comprometeu a terminar com a pobreza recuperando as fábricas fechadas e a produção. Denunciou a situação dos aposentados sublinhando que têm direito a estar protegidos e isso é dever do Estado.
“A Argentina escutou que nos importa a educação pública e que as escolas têm que estar de pé para ensinar aos nossos filhos, que nos interessa a universidade pública e queremos continuar semeando universidades ao longo do país para que em qualquer canto da Pátria a garotada possa estudar; a mensagem que dizia que as pequenas e médias empresas que investem e criam trabalho devem ser atendidas, cuidadas e respaldadas pelo Estado, que dizia que nunca acreditamos que a melhor forma de progredir era tirar-lhe os direitos aos que trabalham”, concluiu ao agradecer aos eleitores.
Desde Santa Cruz, no sul da Argentina, onde votou, a candidata a vice Cristina Fernández de Kirchner enviou uma mensagem sobre a importância de ampliar a unidade que tinha sido conquistada e de manterem-se todos juntos, depois de 27 de outubro.

E ressaltou a responsabilidade que terão todos para afrontar as novas e complicadas situações. “Estamos absolutamente conscientes da difícil situação que está atravessando a Argentina. Longe de só ficarmos felizes pela vitória, estamos pensando na responsabilidade para enfrentar tudo isso a partir de agora”.
Quatro horas depois de serem fechadas as urnas, sem que houvesse nenhum resultado oficial, o presidente Mauricio Macri chegou à sede de sua campanha e disse: “Tivemos uma eleição ruim”. Isso quando ainda não havia os números do Centro de Cômputos.
Mas havia os do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina, Indec, que recentemente divulgou pesquisa mostrando que no primeiro trimestre de 2019 a pobreza no país atingiu 34,1% e a indigência chegou a 7,1% da população. No primeiro trimestre do ano passado, o índice indicava 25,5% dos argentinos em situação de pobreza.
Incentivados pela crise, a participação dos eleitores superou as PASO de 2015: 75,85% dos cidadãos habilitados para votar foram às urnas para marcar um primeiro ponto no esquema eleitoral que ficará definido em outubro. Com os resultados de domingo, 11, a chance de um segundo turno parece descartada, segundo todos os observadores.
Mas a derrota à política do governo não marcou só as Primárias nacionais. Como expressou o jornal Página 12, “a surra, estendida praticamente por todo o país, também atingiu a província de Buenos Aires, onde Axel Kicillof inclusive superou por maior percentagem a governadora María Eugenia Vidal: 49,2% a 32,7%”.
A província de Buenos Aires é o distrito de maior peso eleitoral do país que concentra quase 38% dos votantes. Lá, os candidatos a governador e vice da Frente para Todos, o ex -ministro de Economia, Axel Kicillof, e Verónica Magario, prefeita da cidade de La Matanza, foram decisivos para esse resultado na eleição.
SUSANA LISCHINSKY
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