Artistas de todo o mundo se unem contra bloqueio que traz risco de “devastação” a Gaza
Por Hora do Povo Publicado em 17 de maio de 2020

Roger Waters (que integrou a banda Pink Floyd) está entre as centenas de artitstas que alertam para o morticínio que pode vir com a continuidade do bloqueio à Faixa de Gaza - Reuters
Em carta aberta, centenas de artistas de todo o mundo pediram o fim do bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza, afirmando que os efeitos do coronavírus nesta terra palestina podem ser “devastadores”.
No texto publicado no sábado, 16, e assinado por personalidades como o músico britânico Peter Gabriel, o diretor de cinema Ken Loach, os atores Julie Christie, Steve Coogan e Viggo Mortensen, entre outros, eles escrevem: “Os quase dois milhões de habitantes de Gaza, predominantemente refugiados, enfrentam uma ameaça mortal na maior prisão ao ar livre do mundo”.
Os primeiros casos de coronavírus na Gaza cercada foram relatados em março. Organizações palestinas, israelitas e internacionais, inclusive brasileiras, em defesa dos direitos humanos exigiram repetidas vezes o levantamento do cerco de Israel para que Gaza possa enfrentar a sua grave escassez de equipamentos médicos.
“Agora, o bloqueio de Israel impede a entrada de medicamentos e material médico, pessoal e ajuda humanitária fundamental. A pressão internacional é urgentemente necessária para tornar a vida em Gaza viável e digna. O cerco de Israel deve acabar. E, mais urgente, um surto potencialmente devastador deve ser evitado”, exigem.
Os signatários – que incluem ainda o romancista irlandês Colm Tóibín, os artistas plásticos Kevin Beasley e Shepard Fairey, e os co-vencedores do Prêmio Turner (oferecido pela galeria de artes plásticas, Tate Gallery) de 2019, Tai Shani e Lawrence Abu Hamdan – continuam:
“O que acontece em Gaza é um teste para a consciência da humanidade. Apoiamos o apelo da Anistia Internacional para que todos os governos do mundo imponham um embargo militar a Israel até que ele cumpra plenamente as suas obrigações perante o direito internacional.”
O músicos Roger Waters e os integrantes da banda Massive Attack, o produtor e realizador James Schamus, a escritora e encenadora portuguesa Patricia Portela, junto com os atores Stephen Rea, Peter Mullan, Liam Cunningham, a roteirista Candace Allen, e o compositor e produtor Brian Eno se somam à carta, que conclui:
“Reconhecemos que os direitos garantidos aos refugiados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos também devem ser defendidos para os palestinos. Nestes tempos de crise internacional, devemos defender a justiça, a paz, a liberdade e os direitos iguais para todos, independentemente da identidade ou da crença religiosa. Podemos ficar em casa, mas a nossa responsabilidade ética não deveria.”
Segue a Carta Aberta:
Muito antes do surto mundial do COVID-19 ameaçar sobrecarregar o já devastado sistema de saúde em Gaza, a ONU previu que a faixa costeira cercada seria inviável até 2020. Com a pandemia, os quase dois milhões de habitantes de Gaza, predominantemente refugiados, enfrentam uma ameaça mortal na maior prisão ao ar livre do mundo.
Há dois anos, em 14 de maio, atiradores israelitas mataram sessenta homens, mulheres e crianças palestinas em Gaza, com total impunidade. As manifestações semanais da Grande Marcha do Retorno, atualmente suspensas devido à ameaça do coronavírus, foram recebidas com uma violência brutal.
Bem antes da crise em curso, os hospitais de Gaza já estavam em colapso devido à falta de recursos essenciais negados pelo cerco israelita. O seu sistema de saúde não conseguiu dar resposta aos milhares de ferimentos por bala, obrigando a muitas amputações.
Os relatos dos primeiros casos de coronavírus na densamente povoada Gaza são, portanto, profundamente perturbadores. Como vários profissionais de saúde escreveram recentemente: “As epidemias (e, de fato, pandemias) são desproporcionalmente violentas para as populações atormentadas pela pobreza, ocupação militar, discriminação e opressão institucionalizada”.
Agora, o bloqueio de Israel impede a entrada de medicamentos e material médico, pessoal e ajuda humanitária fundamental. A pressão internacional é urgentemente necessária para tornar a vida em Gaza viável e digna. O cerco de Israel deve acabar. E mais urgente, um surto potencialmente devastador deve ser evitado.
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