22 de jul. de 2020

EPIDEMIA CENSURADA. COMO A DITADURA MILITAR ESCONDEU EPIDEMIA DE MENINGITE QUE ASSOLOU O BRASIL EM 1974. - Editor - É PROVÁVEL QUE NA ÉPOCA, NÃO SE FABRICAVA CLOROQUINA....





EPIDEMIA CENSURADA. COMO A DITADURA MILITAR ESCONDEU EPIDEMIA DE MENINGITE QUE ASSOLOU O BRASIL EM 1974


Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
14/06/2020 04h00
Nos anos 1970, em plena ditadura, o país enfrentou uma grave epidemia de meningite que superlotou hospitais, cancelou eventos e fez com que muitos brasileiros perdessem a vida. Mesmo ciente da gravidade do problema, o então governo militar atuou para proibir a divulgação dos números oficiais de casos e mortes —até hoje não se sabe a quantidade exata de casos e mortes pela doença naquela década.
Documentos do Arquivo Nacional mostram como o regime militar atuou não só para censurar os veículos de comunicação, como também espionou, perseguiu e até deu ordens para que pessoas que estavam informando a população sobre a doença fossem investigadas. Segundo os papéis confidenciais, o regime aparentava ter dois objetivos: não causar alarme à população e, principalmente, não ferir a imagem do governo em plena época do “milagre econômico.
A gravidade do problema, entretanto, era conhecida da cúpula do governo. Em um informe de 31 de julho de 1974, o SNI (Serviço Nacional de Informações) comunicou ao então presidente, o general Ernesto Geisel, que a epidemia teria começado com um surto em Osasco (na Grande São Paulo) e se alastrado pelo país causando graves problemas. “Sabe-se de sobejo que o alastramento do mal encontra campo propício nos aglomerados populacionais, nos ambientes de pouca higiene e na estação invernal. Nessas condições a cidade de São Paulo é um meio ambiente ideal, sabendo-se que a cidade não é servida de esgotos em dois terços de sua área e 50% da população não é servida por rede de água.
O informe ainda explicitou que, se não fossem tomadas medidas preventivas em São Paulo, “pode-se prever que anualmente a cidade será atormentada pela incidência dessa doença”. Entretanto, alerta também que isso “terá reflexos negativos no curso da campanha eleitoral que agora se inicial.” Diante da constatação, e com a eleição daquele ano, o documento finaliza dizendo que o momento político poderia ser desestabilizado por oposicionistas, padres progressistas e imprensa gerando “sérios inconvenientes à política do governo federal.
Radiograma ordenou veto Apesar da ciência da gravidade, o governo manteve durante quase todo período uma proibição da divulgação dos dados. Um outro documento recuperado do Arquivo Nacional, é de um radiograma do dia 30 de julho 1974 em que o então diretor da Polícia Federal, Moacyr Coelho, diz que deve ser seguida a ordem de manter proibida a divulgação de “dados numéricos e gráficos sobre meningite.”




Arquivos para download:

Aluizio Palmar

Os documentos dos arquivos da ditadura devem ser vistos com o olho crítico da dúvida, pois foram escritos por pessoas treinadas para mentir, contrainformar, caluniar, prender, torturar e matar.
Espero que Documentos Revelados contribua para a compressão dos acontecimentos das décadas passadas, dos métodos de controle usados pelo Estado Policial e estimule os visitantes a ter um compromisso ativo com a democracia.
Documentos Revelados é resultado de anos de garimpagem em arquivos públicos e particulares, de caixas e pastas, repletas de mandados de prisão, informes,radiogramas, ofícios, dossiês,relatórios e outros tipos de documentos produzidos pela burocracia policial.
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