Gilberto Gil, 63, é Ministro da Cultura do Brasil, cantor e compositor. Na metade dos anos 60, inspirado pela Bossa Nova, fundou com seu companheiro Caetano Veloso o Tropicalismo. Os dois provocaram a Junta Militar que governava: foram presos, em seguida expulsos e passaram três anos no exílio. Com o fim da ditadura, Gilberto Gil foi eleito vereador na Câmara Municipal de Salvador (1989-1992) com exatos 11.111 votos.
Desde 2003, integra o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Além de seus dons artísticos, para quem não sabe, Gilberto Gil é bacharel em Administração de Empresas, formado pela Universidade da Bahia -Salvador.
Em entrevista excluisa ao Blog Odtur, Gilberto Gil falou para Otavio Demasi sobre seu ponto de vista em relação as suas ações e políticas públicas praticadas frente ao Ministério da Cultura.
Otavio Demasi: Qual sua visão sobre o binômio cultura e turismo ?
Gilberto Gil: Turismo é cultura. As pessoas vão aos lugares (os chamados destinos turísticos) pelas paisagens naturais, artificiais e humanas. A natureza original e atransformada pelo engenho e o empenho humanos. Enfim pelo ambiente natural e artificial cultivados pelo homem. Turismo, meio-ambiente e cultura são indissociaveis.
Otavio Demasi: Que políticas públicas comuns podem ser incrementadas via governo federal, somados à estados e municípios?Quais as políticas públicas de apoio à preservação de todo o patrimômio material e imaterial que podem e ou ajudam a atividade turística no país?
Gilberto Gil: Toda a gestão da atividade turística tem que se fazer em todo o território nacional, em especial num país como o Brasil, de tamanha extensão e diversidade regional. Uma espécie de Sistema Nacional de Turismo mais um Plano Nacional de Turismo devem conceber, implementar e articular políticas nacionais que envolvam municípios, estados e governo central para que se obtenha a racionalidade sistêmica que levaria ao aumento da produtividade numa atividade complexa de articulação de bens e serviços como é o turismo.
Otavio Demasi: Sendo a cultura um dos maiores atrativos do país, como aglutinar forças para melhor divulgá-la no exterior, visando atrair fluxos de turistas?
Gilberto Gil: Através de programas que visem desde o fortalecimento da presença do nosso produto cultural no exterior (exportação de música, artes plásticas, cênicas e visuais em geral, artesanato,etc. , até a participação nos fóruns internacionais, institucionalizados ou informais, para o estudo e o desenvolvimento teórico da atividade, passando pela participação nas feiras, exposições e outros eventos que garantam maior e melhor presença do nosso universo cultural, no exterior. A realização do Ano do Brasil na França ( conjunto abrangente de eventos no território francês, com mais de 2500 manifestações brasileiras variadas, no ano de 2005) foi, por exemplo, um dos principais, senão o principal fator de impacto positivo sobre o turismo francês no Brasil, com um aumento de 27% em relação ao ano anterior.
Otavio Demasi: E quanto as políticas de apoio do Ministério da Cultura às Cidades Históricas?
Gilberto Gil: Há o Programa Monumenta, atuando na requalificação (preservação, conservação e adequação de uso ) do patrimônio histórico de 29 cidades, capitais e do interior, é um dos programas próprios do Minc. Nos quatro anos deste Governo fizemos cinco vezes o que foi realizado nos anos anteriores do programa.
Otavio Demasi: Na área de formação específica de mão-de-obra o que está sendo feito?
Gilberto Gil: O Iphan - Instituto de Preservação Histórico e Artístico Nacional vem realizando programas de capacitação de restauradores de imóveis e obras de arte de valor histórico em Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro Pernambuco, Rio Grande do Sul, Alagoas e Segipe, autonomamente ou em parceria com os governos locais e empresas como o BNDES e a Caixa Econômica Federal.
Otavio Demasi: Quais ações podem ser feitas para a conscientização do povo brasileiro quanto a preservação de nossa gastronomia típica, folclore, artesanato, cultura popular, patrimônio histórico, entre outros?
Gilberto Gil: Primeiro, através do fomento direto dessas atividades, o que resulta em maior inclusão social e econômica das populações envolvidas nessas atividades. A inclusão decorrente já é uma forma de conscientização. Segundo, estendendo a todo o conjunto da sociedade brasileira um conhecimento mais profundo da nossa riqueza cultural, via programas educativos, de informação e de esclarecimento sobre o que criamos e produzimos na vida cultural, o patrimônio valioso que isso significa para nós. Adam Smith dizia e não nos cansamos de repetir que "a riqueza das nações está na cultura de seus povos".
Otavio Demasi: Quais suas considerações finais?
Gilberto Gil: Turismo é cultura. A nossa atratividade está em nossos traços distintivos. A adesão a um padrão internacional de turismo massificado, compulsório é fatal, não pode nos favorecer num universo competitivo em que os espaços já foram ocupados nesse campo. Nossa oportunidade está na nossa diferença, na peculiaridade da nossa diversidade étnica e cultural. O destino Brasil tem que ser, cada vez mais, para o estrangeiro, um destino e não uma fatalidade!
Para saber mais sobre Gilberto Gil:
Sempre bom ter mais info...
ResponderExcluirObrigado e parabenspelo Trabalho