25 de mai. de 2009

INTERIORIZAÇÃO E TURISMO - REVISTA PAULISTA DOS MUNICIPIOS - Março de 1973

Hotel do Lago em Águas de Lindóia - Minha homenagem ao Prefeito Dr. Adolfo Mantovani
A necessidade premente de levar o desenvolvimento a um número cada vez mais numeroso de Municípios, tem feito com que as autoridades procurem dinamizá-las através dos mais variados expedientes, embora muitos sem quaisquer condições de infra-estrutura urbanística. O apoio ao aprimoramento da agricultura, pecuária e os incentivos para a implantação de industrias para essas áreas, tem toda a gama de ajuda possível e imaginável.
Tendo aparecido no mundo como força de desenvolvimento, a agricultura e depois a industria, vemos surgir hoje em dia uma terceira força econômica e que ultrapassa as vezes , as barreiras dos prognósticos mais evoluídos e abasados: o Turismo. E a pergunta então é feita: o turismo pode ser alavanca para a interiorização do desenvolvimento no Brasil ?
Sabendo-se que quase a totalidade de nossas comunas deixam de apresentar saneamento básico, como incentivar nessas áreas o fenômeno turístico, que também necessita de meios de comunicações bem estruturados.
Em contrapartida, mesmo sem certas condições básicas, o turismo acontece trazendo vantagens e desvantagens. Mas o que ocorre, é a falta de uma dinâmica técnica para bem usufruir-se do fluxo econômico que atingem esses “núcleos receptores”. Além disso, a falta de estimulo constante a essas mesmas correntes, ou outras que devem ser conquistadas, são relegadas, o que desestimula de certa forma a iniciativa privada. Esta deixa de investir, e os que possuem capital ali mobilizados querem usufruir o máximo de lucro, e na maioria das vezes não reaplicam parte desse lucro no Município. Nessas condições, o turismo só vem trazer “complicações à cidade”.

A TÉCNICA TURISTICA

Há um meio de resolver inúmeros problemas considerados insolúveis no turismo: é a correta aplicação da ampla técnica turística. Turismo, não é a mera comemoração do dia da fundação da comuna ou um outro eventual evento, durante o ano. Vê-se cidades que possuem um rico folclore, mas que por tradição, é comemorado determinado folguedo uma única vez ao ano, o que prejudica em muito, pois, querer trazer todos os turistas potenciais na data especificada é impossível. Deixa, assim, o núcleo receptor, de receber correntes massivas e constantes.
Precisam entender os responsáveis do turismo, a importância de ter-se estatísticas específicas, pois elas determinam com grande margem de segurança, os caminhos que deverão ser perseguidos, oferecem dados que possibilitam uma diretriz da política a ser adotada para melhorar as condições em todos os setores, e sentir como anda a “imagem turística” do Município.
Fato comum é pensar-se que a existência de um acidente geográfico qualquer, de maior ou menor dimensão, é o bastante para atrair turistas a conhecerem a cidade. O engano é redundante. Tendo-se um estudo detalhado da geografia turística, uma análise dos aspectos diferenciais, pode-se começar a pensar em “promover”, mas tendo em conta, sempre, a concorrência de outros pólos turisticos na região, que determinarão maior ou menor investimentos.
O administrador municipal deve ver que verbas possui para pôr em prática o turismo. A questão do financiamento pode-se solucionar de várias formas. Uma delas é a criação de Empresa de Economia Mista. Mas pleitear verbas Federais, Estaduais oui mesmo de particulares, exige que o Muinicipio traga à fonte financiadora algo de palpável em termos de rentabilidade econômica, e isso só se consegue com um trabalho bem orientado. Deve-se ter sempre em mente que turismo é mais prestação de bons serviços e informações do que obras.
Um vicio é a aplicação de recursos públicos em “Hotéis Municipais”.
É sabido que o poder público, através do seu órgão oficial de Turismo, deve orientar, disciplinar e fiscalizar o desenvolvimento turístico e aplicar verbas no aprimoramento profissional, na promoção e outros itens que incentivem um maior fluxo de turistas. O argumento para a construção desses alojamentos é a falta de acomodações, que poderiam ser minoradas pelo aproveitamento de alojamentos extra-hoteleiros ou incentivando a iniciativa privada a investir no setor.

TERCEIRA FORÇA
Criar condições de aumento da população flutuante, aplicando uma técnica dinâmica e flexível, é a própria essência do turismo moderno. A diferenciação entre planejamento e assessoria turística, está em que o primeiro é hermético, sendo adotado mais para regiões que não possuem urbanização convencional e muito menos turística e que irão ser um pólo previamente concebido, enquanto que a segunda, presta-se a corrigir, implantar e desenvolver a temática turística, usando os elementos do meio, bem como a própria urbanização convencional já sedimentada, equacionando o problema de oferta e demanda.
Cremos que os atuais mandatários municipais poderão ter com o aproveitamento técnico do turismo, uma grande opção para o desenvolvimento econômico e social do Município, possibilitando uma realidade insofismável que é a interiorização do desenvolvimento, pois o turismo, embora seja a terceira força surgida é em muitos lugares, superior aos rendimentos da agricultura e da indústria juntos.
Página 71 - A foto estampada na Revista Paulista dos Municipios traz na sua legenda: Assinatura do primeiro contrato de Assessoria Técnica Turística para um municipio. No gabinete do prefeito de Águas de Lindóia dr. Adolfo Mantovani, o professor Fábio Gamba, Superintendente do FUMEST e os diretores do GTT, srs. José Caparrós Garcia e Otavio Demasi
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