Praça da Sé com catedral - A foto original mostrava a mesma área. Legenda: O metrô será uma das atrações da cidade. Reportagem Local - página 14 São Paulo está fazendo uma campanha turística para atrair os cariocas nos fins de semana. Mas São Paulo precisa fazer isso ?
Resposta de um especialista, Otavio Demasi, presidente do Centro Técnico de Turismo, de São Paulo, é sim. A campanha não é do CTT, e ele diz não conhecer os resultados que está apresentando, mas afirma que a iniciativa é boa e dá outras informações e idéias sobre as vantagens da exploração do turismo como uma lucrativa industria para toda a região. Ele salienta:
“Embora São Paulo já tenha em todo o Brasil e até no exterior uma imagem que a cada dia aumenta mais, pelo simples fato dele vender produtos e serviços praticamente para todo o país e também a outros, é preciso haver um trabalho especial do ponto de vista turístico. Só assim projetará uma imagem realmente capaz de atrair turistas. Trata-se de vender o produto turístico, atraindo gente de fora para dentro, num processo inverso ao da venda de mercadorias, trazendo movimento econômico à Capital, que é a essência desse fenômeno moderno”.
Segundo o presidente do CTT, chegou a hora de deixa de lado “a filosofia de que o turista vem sozinho”, e partir para a racionalização da conquista do mercado potencial existente. Cita, porem, o especialista italiano Guglielmo Tagliacarne: “Vale mais dominar a demanda do que possuir uma boa oferta”. “São Paulo deve, portanto,, primeiramente dominar a demanda, embora possa ir tratando de melhorar a oferta”. “Esse domínio fará com que possamos adequar nosso produto a ser comercializado, co as necessidades do mercado comprador.
Diz mais Otavio Demasi:
“Turismo, embora chamado de industria, deve também ser tido como serviço , ou como o economista francês André Piatier o definiu: Transformação de consumo. Ou ainda economia de consumo, expressão usada pelo técnico Kurt Kraft..
“Essa industria de serviços tem uma peculiaridade, pois deixa de possuir o que chamamos estoque, o que quer dizer: a cama do hotel, a poltrona do avião não utilizadas no dia, devem ser contabilizadas, como dinheiro perdido”.
“O produto turístico de um hotel, por exemplo, é a sua capacidade traduzida em leitos e serviços paralelos, o bar, o restaurante, a boate, o salão de convenções, etc. O produto turístico de uma cidade é o seu todo, ou o seu espaço geoturistico é tudo aquilo que pode ser consumido pelos “forasteiros que se deslocam para efetuar uma troca de residência não permanente”, segundo o professor Angel Alcaide Inchauste”.
Segundo Demasi, pode-se traçar um roteiro de técnicas e métodos de marketing para a promoção turística, devendo-se sempre analisar as campanhas turísticas para se verificar sua eficiência. Ele diz que no Brasil, geralmente “as campanhas são concebidas intuitivamente, a gosto e capricho do interessado, sem se levar em conta a motivação dos consumidores”.
“Em turismo, porém, devemos vender aquilo que realmente mais interessa à demanda, e nunca o que mais nos convém. Deve-se ter em mente que quanto maior for o grau de diferenciação, menor é o grau de susceptibilidade entre dois produtos. Quando o grau de diferenciação é infinito, a elasticidade de substituição é nula. Por exemplo: Foz do Iguaçu. Por isso é sempre importante sabermos muita coisa sobre os consumidores, como suas opiniões, comportamento, preferenciais”.
Em seguida, diz ele: “Devemos procurar saber se, por exemplo, sobre a campanha para atrair cariocas, as motivações usadas pela Secretaria de Turismo e Fomento da Prefeitura são validas em relação ao mercado carioca”.
Diz ainda que para manifestar-se sobre aquela campanha, precisaria conhecer “os textos, as ilustrações, os interesses da opinião pública e se os custos operacionais compensarão.à curto, médio e longo prazo, o incremento de correntes daquele núcleo emissor”.
Sonia Garcia, diretora do CTT, diz: “Todas as campanhas que visam a atrair correntes turísticas se baseiam fundamentalmente, no mercado paulista. Exemplificando: “Visite o Nordeste”. Deixa-se de lado públicos que estão mais perto do objetivo a ser vendido, tentando conquistar mercados mais longinguos, o que faz aumentar os gastos e o grau de incerteza de venda, pois em turismo o serviço não vai ao cliente. Este é que tem de ir ao serviço. Isso representa distancia a percorrer. E temos também a redução do tempo livre e evidentemente a menor estacionalidade, pois os custos são maiores, bem como uma demanda em menor escala. No caso do Nordeste, o mercado poderia ser consumido primeiro pelos nordestinos, o que reduziria em muito os gastos promocionais e publicitários, aumentando-se gradualmente a distancia, conforme o desenvolvimento da infra-estrutura urbanistica e da estrutura turística. Vimos uma avalanche de turistas tomar de assalto o Nordeste, onde os serviços careciam de um maior aprimoramento, onde a demanda superou a oferta, com os turistas sendo explorados nos preços”.
OUTROS PROBLEMAS
Os dirigentes do CTT indicam, como outro problema na área, a falta de estatísticas: “Como podemos vender nosso produto se deixamos de nos conhecer e estamos aéreos com relação a quem já nos consome ? Qual o percentual de turistas que consomem (economicamente) os eventos programados pela Secretaria de Turismo do Município?”
“Em nossa Capital –diz ele- confunde-se muito turismo com lazer, o que impede os levantamentos perfeitos, as estatísticas”.
Mais um problema realçado pelo Centro Técnico de turismo: “Ao vendermos o turismo, mostramos ao cliente o produto através de uma ilusão de ótica, além do fato de que diversos meios e fatores interferem no negocio. A agencia de viagem vende o produto, mas depende do serviço do transportador, do hoteleiros, dos equipamentos do núcleo receptor, sejam esportivos, sociais, recreativos ou de negócios. Depende-se também de outros fatores, como o climatológico, estradas, etc”.
Foto: picasaweb.google.com
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