Trabalho de conclusão de curso é a produção de um instrumento que depois é doado para a comunidade. Crédito: Divulgação
A união entre o ensino e o uso responsável de recursos naturais soa como música para famílias da região Amazônica. Essa conexão é visível em Zumbi II, bairro da periferia de Manaus, na Oficina Escola de Lutheria do Amazonas (OELA). A organização não governamental oferece cursos em que jovens de baixa renda aprendem a fabricar instrumentos de corda (luteria) com resíduos de madeira certificada, de espécies sem risco de extinção.
Além da luteria, os jovens têm aulas de iniciação musical, informática e responsabilidade ambiental. Para ingressar na oficina, os alunos devem ter entre 15 e 21 anos, ser de família de baixa renda e estar cursando ou ter concluído curso escolar, de acordo com sua faixa etária. A seleção é feita em escolas das redes municipal e estadual.
O ofício da luteria no Brasil é uma tradição antiga, restrita inicialmente às famílias de imigrantes europeus que se estabeleceram no Sul e no Sudeste, onde montaram fábricas de instrumentos. Com a competição internacional, que introduziu modelos mais baratos no mercado, a atividade estava quase extinta. Da forma como é constituída, a escola é única no mundo.
As aulas acontecem três dias por semana, quatro horas por dia. O trabalho de conclusão de curso é a manufatura de um instrumento que não fica com o aluno, é destinado à doação. Após um ano de curso, os jovens estão capacitados como aprendizes de luteria ou luthier – palavra de origem francesa que designa o profissional que fabrica instrumentos de corda de ressonância, como violões, violas e cavaquinhos.
As madeiras dos instrumentos são de espécies não nobres e não ameaçadas da Amazônia, têm certificação internacional do FSC (sigla em inglês de Conselho de Manejo Florestal), organização não governamental que promove o manejo e a certificação florestal
“Aprendemos a conviver melhor com a natureza. Antes, a gente chegava a qualquer ponto de mata, retirava as madeiras que serviam, cortava e pronto. Hoje temos responsabilidade e técnica”, explica Francisco Moreira Valente, que participa do projeto.
Valor agregado
Outra consequência positiva da oficina é a qualificação da mão de obra: o valor da diária de trabalho mais que dobrou em 12 anos nas comunidades da região, onde a maior parte dos moradores vive do plantio de subsistência, comércio de guaraná e de madeira.
Criado em outubro de 2010, o atelier OELA reúne ainda 12 profissionais especializados, que produzem instrumentos de alto valor agregado. Os funcionários têm um salário fixo e recebem comissão de acordo com a produção.
Artistas de renome como Milton Nascimento e Nando Reis usam instrumentos lá fabricados. Em geral, as escolas de música são os principais clientes. Alguns dos primeiros clientes do atelier foram professores e alunos da Escola Portátil de Música (EPM), especializada em choro, localizada na Universidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio). “Como se não bastasse o trabalho especial e fantástico, os instrumentos são de excelente qualidade”, afirma Jayme Vignoli, professor da EPM.
Leia a íntegra da reportagem.
matéria e foto reproduzidos do portal www.revistabrasil.gov.br
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