23 de abr. de 2019

Governo venezuelano articula grupo de trabalho com Brasil para reabrir fronteira


DIPLOMACIA

Governo venezuelano articula grupo de trabalho com Brasil para reabrir fronteira

Equipe seria composta por autoridades dos dois países e começaria a trabalhar na segunda-feira (22)

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela)
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Senador Telmário Mota (PROS-RR) se reuniu com o presidente venezuelano, Nicolas Maduro, para tentar restabelecer relação entre os países / Assessoria do gabinete presidencial
O senador Telmário Mota (PROS-RR) visitou Caracas, capital da Venezuela, na segunda-feira (15), onde se reuniu com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro Moros, e com o Ministro de Relações Exteriores, Jorge Arreaza, com o objetivo de reabrir a fronteira e restabelecer as relações diplomáticas e econômicas entre os dois países.
A proposta foi levada ao Senado Federal ainda na semana passada. O senador do PROS leu uma carta do presidente Maduro pedindo apoio aos parlamentares para a proposta de criação de um grupo de trabalho com autoridades de ambos países para estudar a reabertura da fronteira terrestre, fechada desde o dia 21 de fevereiro.
Os trabalhos começariam nesta segunda-feira (22) com uma reunião entre os governadores dos dois estados fronteiriços, Antonio Denarium (PSL), de Roraima, e Justo Nogueira, de Bolívar. No entanto, o Congresso Nacional ainda não destacou nomes para fazer com que o grupo arranque. Do lado venezuelano, “desde ontem (22) uma equipe diplomática já está se reunindo para pensar os temas de debate e seguir as instruções dadas pelo presidente Nicolás Maduro”, garante o vice-ministro de Relações Exteriores do país, Carlos Ron Martínez.





 
A decisão de fechar o passo fronteiriço entre Pacaraima (Roraima) e Santa Elena de Uairén (Bolívar – Venezuela) foi tomada como precaução pelo governo venezuelano contra o risco de entrada forçada de caminhões que carregavam uma suposta “ajuda humanitária”, desde o território brasileiro. 
Na carta enviada, Maduro também convida o presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), para visitar a Venezuela e conhecer a realidade do país, destacando a intenção de normalizar a relação bilateral entre Brasil e Venezuela. 
“Eu sou membro do Mercosul e presidente da subcomissão temporária que avalia a crise na Venezuela, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Nessas condições, de maneira institucional e democrática, tenho o dever de abrir o diálogo e tentar o restabelecimento das relações diplomáticas, a fim de sanar os enormes prejuízos financeiros e sociais, causados com o fechamento da fronteira, principalmente para o meu estado de Roraima”, afirmou.
Relação comercial Brasil e Venezuela 
Como a Venezuela é um país que importa cerca de 80% de tudo que consome, o que afeta, segundo dados do Banco Mundial, 31% do seu PIB, a dependência econômica com seus vizinhos é alta, mas o fechamento da fronteira e a interrupção do comércio entre as duas nações também afeta significativamente a economia brasileira. 
Segundo dados do Ministério de Indústria e Comércio, no ano de 2018, o Brasil exportou US$ 576,94 milhões para a Venezuela, correspondendo a um aumento de 22,84% em relação ao período anterior. Também obtivemos um superávit de US$ 406,06 milhões na balança comercial com a Venezuela no ano de 2018. Já nos primeiros meses de 2019, houve uma queda de 48% e o superávit, comparado ao mesmo período no ano anterior, foi de US$ 54,83 milhões.
Ainda de acordo com o gabinete do senador Telmário Mota (PROS-RR), cerca de 1500 toneladas de produtos por dia deixaram de ser vendidas pelo fechamento da ponte fronteiriça, o que representa aproximadamente R$ 5 milhões.
Outro aspecto da relação entre os dois países é a questão energética. Cerca de 80% do estado de Roraima é abastecido pelo sistema de eletricidade venezuelano e foi afetado durante os apagões que assolaram o país durante o mês de março. Segundo o governo venezuelano, por se tratar de uma sabotagem, a prestação do serviço já foi restabelecida, mas ainda sofre com instabilidade. O mandatário assegurou que, até o final do mês de abril, a oferta de eletricidade ao estado do norte do Brasil estaria totalmente normalizada. 
Para garantir o abastecimento de energia elétrica em Roraima, cinco usinas termelétricas foram acionadas, com gasto diário de aproximadamente 1 milhão de litros de óleo diesel. Além disso, nos últimos 12 meses, o governo gastou R$ 265,26 milhões dos cofres públicos para apoiar as ações militares em Roraima. 
Durante seu discurso no Senado, Mota apelou ao presidente Jair Bolsonaro: “Hoje Roraima vive à beira do colapso. Apelo que o senhor seja empregado do povo brasileiro. Eu sei da sua boa vontade, mas o povo não vive da boa vontade. O povo vive de ações concretas. Roraima grita por ações concretas”.
Edição: Aline Carrijo
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